Rota Insulana da Navegação celebra Açores com jantares vínicos, a caminho da 10.ª edição

Tártaro de angus com crocante de alcatra e queijo amanteigado, picle de cogumelos, emulsão de trufa e pão de alho.
Foto: Álvaro Vieira
Jantares vínicos Rota Insulana atingiram as oito edições em março e têm regresso marcado para novembro, no restaurante Balcony, no Grand Hotel Açores Atlântico, em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel. O conceito foca-se numa rota, num tema ou num navio da Empresa Insulana de Navegação e tem forte componente vínica.
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Depois de na sétima edição ter descrito uma viagem de ida e volta ao Tejo, em torno dos produtos e da identidade daquele território continental, o jantar vínico bianual Rota Insulana da Navegação debruçou-se sobre o lema “Viagem Gastronómica do Continente ao Atlântico”, na oitava edição, decorrida a 22 de março no restaurante Balcony, no Grand Hotel Açores Atlântico, em Ponta Delgada. A experiência enogastronómica, limitada a 60 lugares, esgotou em poucos dias e tem já a nona edição agendada para data a anunciar no mês de novembro.
Esta iniciativa, que já decorre há quatro anos - metade do período de funcionamento do Grand Hotel Açores Atlântico desde que reabriu, em 2017, como unidade de cinco estrelas - permite “revelar as capacidades das equipas do Balcony em matéria de gastronomia e vinhos”, explica o chefe de sala Acácio Oliveira, além do funcionamento regular do restaurante de fine dining aberto também aos passantes. Neste espaço, com vista panorâmica para o porto de cruzeiros de Ponta Delgada, os clientes têm, além da carta, três menus de degustação diferentes.
“Estes jantares vínicos assentam sempre em três pilares: uma rota, um tema ou um navio [da frota da centenária empresa de navegação, como inspiração para o menu], conjugado com um parceiro vínico”, continua o também responsável pelo serviço de vinhos. Na oitava edição, cujo menu com brinde e canapés de boas vinhas e seis momentos se saldou em pelo menos 360 pratos servidos à mesa, o parceiro vínico participante foi a Quinta do Vallado, uma das quintas mais antigas e famosas do Vale do Douro, construída em 1716, ou seja, com mais de 300 anos.
A escolha do parceiro vínico para os jantares Rota Insulana parte sempre daqueles com que o hotel já trabalha, dispondo a carta de vinhos de cerca de 150 referências. “Mas, mais do que ter muitos rótulos e vinhos diferentes, o que procuramos ter é uma abrangência total, desde vinhos sem álcool a vinhos sem sulfitos”, exemplifica Acácio Oliveira, “e vinhos a copo regionais, nacionais e internacionais”. Tem sido comum trabalharem com marcas com histórico, o que ainda assim não os impede de colaborar com produtores ou projetos mais recentes, até locais.
O menu da oitava edição do jantar vínico Rota Insulana da Navegação foi assinado pelo chef do Terra Nostra Garden Hotel (do mesmo grupo açoriano Bensaude Hotels) Nuno Gonçalves, após um processo de ajustes que permitiu atingir o equilíbrio desejado em termos do número de pratos e da sua composição, para que a refeição não fosse demasiado extensa nem pesada, explicou o chefe de sala à Evasões. O fio narrativo foi uma rota do primeiro navio a vapor da companhia, o Atlântico, construído no ano da fundação da companhia, em 1871.
Construído em Southampton, Inglaterra, o Atlântico assegurou, “durante décadas”, a ligação marítima entre Portugal continental e o arquipélago dos Açores. A partir daí, o menu teve como paragens Lisboa, São Miguel, Terceira, São Jorge, Graciosa e Faial, e cada destino esteve representado com um ou mais produtos sazonais. Depois de três primeiros snacks entregues em formato volante aos participantes no jantar, Lisboa fez-se representar com amuse-bouche de bacalhau de meia-cura confitado com batata rosti, gema a baixa temperatura e caviar.
Na viagem pelas ilhas, o cozido das Furnas de São Miguel apresentou-se com enchidos, carnes de cozido, foie gras e arroz aconchegados no interior de uma couve regional, com caldo de cozido; a Terceira, com um tártaro de angus com crocante de alcatra e queijo amanteigado, picle de cogumelos, emulsão de trufa e pão de alho; São Jorge, com lombo de cherne e amêijoa da Fajã de Santo Cristo com risoto de espumante e limão e espuma de Bulhão Pato; e na Graciosa, com cabrito guisado com espargos verdes, alho negro e molho de Verdelho.
A sobremesa do menu ficou reservada para a paragem final desta rota, na forma de cheesecake de chocolate branco e queijo “O Morro” com manga, lima e maracujá, emparelhado com o vinho Vallado Porto Old White 10 Anos. “Com esta viagem, procurámos homenagear a tradição, explorando a cozinha e produtos locais e nacionais com uma perspetiva atual”, explicou o chef executivo convidado, Nuno Gonçalves. O chef anfitrião muda a cada edição, podendo ser, ou não, algum profissional das dez unidades hoteleiras do grupo Bensaude.
A Bensaude Hotels Collection – Azorean Hospitality opera seis hotéis na ilha de S. Miguel – Grand Hotel Açores Atlântico, Terra Nostra Garden Hotel, Caloura Hotel Resort, Hotel Marina Atlântico, S. Miguel Park Hotel e NEAT Hotel Avenida –, dois na ilha Terceira – Terceira Mar Hotel e Hotel do Caracol –, um na ilha do Faial – Hotel do Canal –, e um em Lisboa – Hotel Açores Lisboa. O Grand Hotel Açores Atlântico, em Ponta Delgada, soma 140 quartos com vista frontal e lateral para o oceano e tem a náutica dos séculos XIX e XX como conceito.

