O governo espanhol criticou duramente, esta quarta-feira, a gestação por barriga de aluguer, após a notícia do nascimento nos Estados Unidos do bebé de uma atriz espanhola de 68 anos através desse método.
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"É uma prática que não é legal em Espanha, que é reconhecida no nosso país legalmente como uma forma de violência contra as mulheres", afirmou aos jornalistas a ministra da Igualdade, Irene Montero, do partido de esquerda radical Podemos.
Montero pediu que não seja esquecida "a realidade dessas mulheres precárias numa situação de risco de pobreza", referindo-se às mulheres que engravidam para outras pessoas.
A polémica surgiu depois de a revista "¡Hola!" ter publicado na capa uma foto da atriz e apresentadora de televisão Ana Obregón a sair de um hospital em Miami com uma criança nos braços.
Obregón confirmou a informação na sua conta no Instagram. "Chegou uma luz cheia de amor à minha escuridão. Nunca mais estarei sozinha. Voltei a viver", escreveu a apresentadora que em 2020 perdeu o filho de 27 anos devido a um cancro.
"A imagem pareceu-me terrível", criticou Pilar Alegría, ministra da Educação e porta-voz do Partido Socialista do presidente do governo, Pedro Sánchez.
A oposição de direita, por sua vez, mostrou-se mais aberta ao debate.
O assunto "merece debates profundos e serenos, porque afeta muitas questões morais, éticas, religiosas", disse Cuca Gamarra, número dois do Partido Popular (PP), que é a favor da barriga de aluguer, desde que não seja remunerada.
A gestação de substituição, como também é chamada a prática, seja remunerada ou altruísta, é ilegal em Espanha desde 2006.
No entanto, a legislação espanhola permite o registo civil dos filhos nascidos assim no exterior desde que seja apresentada "uma decisão judicial emitida por um tribunal competente" do país em questão que estabeleça a filiação.
A gestação de substituição foi incluída entre as "manifestações da violência contra as mulheres" numa lei sobre o aborto aprovada em fevereiro, que também proíbe qualquer "publicidade das agências intermediadoras".
Nas redes socais, a história tem sido alvo de sátira.
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