Um dos jurados da série "MasterChef" Austrália morreu no domingo, na véspera da estreia da nova temporada. Jock Zonfrillo tinha 46 anos.
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Jock Zonfrillo morreu no domingo, em circunstâncias por apurar. O chef de origem escocesa vivia em Melbourne, na Austrália. Tinha 46 anos e um percurso tumultuoso, em que acumulou algumas polémicas e muitas dívidas em falências de restaurantes.
"O nosso insubstituível marido, pai, irmão, filho e amigo morreu", disse a família. Zack era casado com Lauren Fried e tinha quatro filhos: Ava, Sophia, Alfie e Isla. "Com o coração completamente despedaçado e sem saber como podemos passar pela vida sem ele, estamos arrasados porque Jock morreu", acrescentam os familiares do chef, em comunicado, citado pelo jornal britânico "The Guardian".
A produtora do programa, a "Network 10", disse estar "profundamente chocada e triste com a perda repentina" de Zonfrillo. Também em comunicado anunciou o adiamento da estreia da nova temporada do MasterChef Austrália. Segundo a polícia, não há suspeitas de crime associadas à morte de Jock.
Jamie Oliver, que foi um dos convidados desta nova temporada do MasterChef Austrália, disse estar "totalmente em choque" com a morte de Jock. "Divertimo-nos muito a trabalhar juntos esta temporada. Não consigo descrever como foi bom trabalhar com ele", escreveu o chef britânico no Instagram.
Apresentador de programas de televisão, Jock estreou-se no pequeno ecrã em 2014, com "Chef Nómada", que passou na versão inglesa do Canal Discovery. Fez parte dos jurados de Restaurant Revolution (2015) e deu a cara no Chef's Exchange (2016-2017). Chegou ao MasterChef Austrália em 2019, com a nova equipa de jurados, ao lado de Melissa Leong e de um ex-concorrente do concurso, Andy Allen.
Jock, como muitos na indústria da restauração, começou a lavar pratos quando tinha 13 anos, num part-time, enquanto ainda andava na escola. Nasceu em Glasgow, na Escócia, fruto do casamento de um italiano de segunda geração e de uma camponesa escocesa. Jock que deu os primeiros passos na cozinha, enquanto ajudante no "The Turnberry Hotel", onde venceu o prémio de Jovem Chefe escocês, numa carreira em que teve passagens por casas como "The Restaurant Marco Pierre White", em Londres (1994-1995) ou o "Restaurant 41", que chegou a ser um dos melhores de Sydney, antes de fechar, em 2010. Nessa altura já tinha adotado a Austrália como pátria. Após uma primeira experiência, em 1996, Zonfrillo mudou-se para os antípodas em 2000, começando uma carreira com reconhecimento, mas com polémica.
Jock recebeu o "Prémio Mundial de Gastronomia Basca", em 2018, como reconhecimento dado a cozinheiros que "transformam o mundo através da culinária", um ano depois da distinção de melhor restaurante para o "The Good Food Guide", em 2017. No entanto, a carreira de Zonfrillo ficou marcada por várias falências de restaurantes e por um episódio violento. Em 2002, ateou fogo a um aprendiz de chef, na cozinha do "41", por achar que era muito lento, o que lhe valeu o despedimento. Em 2007, foi condenado a pagar uma indemnização ao aprendiz e quando foi executado percebeu-se que estava falido.
Apaixonado pelos produtos típicos da Austrália, Jock criou, em 2016, a Fundação Orana, com o objetivo de preservar as técnicas e os ingredientes indígenas, projeto que lhe valeu o prémio do "The Good Food Guide", em 2017. O projeto também não correu bem e, em 2020, entrou em processo especial de recuperação de empresas, passando para gestão supervisionada, quando acumulava dívidas superiores a dois milhões de euros.
Em 2021, a editora Simon & Schuster publicou as memórias de Jock Zonfrillo. Sob o título "Last Shot", que pode traduzir-se para "Última Oportunidade", este "Último Tiro", na tradução literal, causou polémica e estragos, atingindo um dos mentores que dizia acarinhar como um pai, o britânico Marco Pierre White. "Não há nada de verdade no que escreveu sobre mim", disse o polémico chefe, cujas memórias - "O diabo na Cozinha"- são também bastante truculentas.
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