Criatura animal parecida com panquecas pode estar na origem dos neurónios humanos
Uma equipa de investigadores espanhóis descobriu que os placozoários, uma espécie animal sem cérebro que surgiu há cerca de 850 milhões de anos, podem estar na origem do pensamento humano.
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Os placozoários são compostos por apenas 50 mil células, que formam duas camadas de células similares coladas e a sua simplicidade pode ajudar a entender como os organismos com apenas uma célula se uniram e criaram seres multicelulares, como os humanos, avança o diário espanhol "El País".
Apesar de terem poucas células, os placozoários são imortais, porque podem multiplicar-se de forma assexual e reconfigurar-se, ganhando formas diferentes.
O estudo publicado esta terça-feira, pela revista científica "Cell", conseguiu encontrar "elementos de alguns aspetos do sistema nervoso" humano, explica o coordenador, Arnau Sebé Pedrós, ao mesmo jornal.
A investigação dos biólogos do Centro de Regulação Genómica de Barcelona reforça a teoria do cérebro químico, proposta pelo trabalho desenvolvido pelo biólogo húngaro Gáspar Jékely, que refere que o novo estudo "revela profundas semelhanças moleculares entre os neurónios dos placozoários e os neurónios dos animais bilaterais (onde se inserem os humanos)", citado pelo "El País".
"Estas semelhanças, juntamente com o facto de os neurónios dos placozoários só comunicarem através de sinais quimícos apoiam a ideia de que os sistemas nervosos evoluíram, inicialmente, como um conjunto de células diferentes conectadas quimicamente, antes de se desenvolverem processos especializados e sinapses”, acrescentou o especialista húngaro.
Neste contexto, para os placozoários os sinais químicos eram suficientes, porque tinham apenas duas camadas de células, mas a partir do momento em que as espécies "se tornam maiores e começam a ganhar tridimensionalidade precisam de emitir também sinais elétricos e dispor de sinapses, interfaces de comunicação célula a célula a célula", detalha o investigador Arnau Sebé Pedrós.
O trabalho consistiu no estudo célula a célula das quatro espécies de placozoários já conhecidas pela comunidade científica. Esta criatura foi vista pela primeira vez no final do século XIX, quando o cientista Franz Eilhard Schulze, encontrou uma placa peluda pegajosa num aquário de peixes.