Relatório global aponta Inteligência Artificial nas redações de publicações noticiosas como recurso mais frequente. Inquiridos reconhecem oportunidades trazidas pela tecnologia, mas sublinham trabalho humano como guardião dos produtos jornalísticos gerados.
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O mais recente inquérito global da Google sobre a forma como os órgãos de comunicação social estão a utilizar a Inteligência Artificial (IA) concluiu que quase três quartos (73%) das organizações de notícias entrevistadas acreditam que as aplicações de IA generativa, como o ChatGPT ou o Bard, apresentam novas oportunidades para o jornalismo.
De acordo com os resultados, divulgados esta quarta-feira, cerca de 85% dos entrevistados - incluindo jornalistas, técnicos, e gestores de organizações de notícias - já experimentaram a IA generativa para ajudar em tarefas longas e demoradas como escrever código, transcrever entrevistas, gerar imagens e elaborar resumos. E 80% estima um aumento dessa utilização, com parte a realçar o potencial que essa tecnologia tem no sentido de ajudar a libertar capacidade humana para trabalhos mais criativos.
O relatório Generating Change, elaborado pela iniciativa global JournalismAI, fruto de uma parceria entre a Google e a London School of Economics and Political Science (Faculdade de Economia e Ciência Política da Universidade de Londres), teve por base entrevistas a 105 organizações de notícias de 46 países, feitas entre abril e junho deste ano, acerca do seu envolvimento com a IA e tecnologias associadas.
Inquiridos realçam "necessidade" de verificação humana
Os inquiridos referiram também que a IA generativa é "acessível" e "exige baixos requisitos ao nível das competências técnicas", destacando o que foi descrito como "capacidade para compreender o contexto”. Estes requisitos, de acordo com os entrevistados, tornam a IA generativa diferente de outras tecnologias de IA, que geralmente exigem conhecimentos especializados profundos em áreas como a programação.
Por outro lado, nem tudo são rosas: os inquiridos reconheceram "a necessidade de qualquer conteúdo gerado por IA ser verificado por um ser humano para mitigar potenciais danos como preconceito e a imprecisão" e mais de 60% dos entrevistados manifestaram "preocupação com as implicações éticas nos valores jornalísticos, incluindo a precisão, a justiça e a transparência".
A estes, associam-se "desafios linguísticos, infraestruturais e políticos", constatando os inquiridos que "os benefícios sociais e económicos da IA tendem a concentrar-se geograficamente nos países do Norte, onde existem melhores infraestruturas e um acesso mais fácil aos recursos", por oposição aos países do Sul.