Pela primeira vez, misteriosa antimatéria foi vista a cair sob o efeito da gravidade
Pela primeira vez, os cientistas observaram partículas de antimatéria a cair devido ao efeito da gravidade, anunciou, esta quarta-feira, o laboratório de física europeu CERN.
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A experiência, publicada na revista científica "Nature", foi aclamada como um "grande marco", embora a maioria dos físicos tenha antecipado o resultado, e tenha sido previsto pela teoria da relatividade de Einstein de 1915. Isto exclui definitivamente que a gravidade repele a antimatéria para cima, uma descoberta que teria subvertido a nossa compreensão fundamental do Universo.
Há cerca de 13,8 mil milhões de anos, acredita-se que o Big Bang tenha produzido uma quantidade igual de matéria e antimatéria, a sua contraparte igual, mas oposta. No entanto, praticamente não existe antimatéria no universo, o que suscitou um dos maiores mistérios da física: o que aconteceu a toda a antimatéria?
"Falta metade do universo", disse Jeffrey Hangst, membro da colaboração ALPHA do CERN em Genebra, em declarações à AFP. “Em princípio, poderíamos construir um universo – tudo o que conhecemos – apenas com antimatéria e funcionaria exatamente da mesma forma”.
Os físicos acreditam que a matéria e a antimatéria encontraram-se e destruíram-se quase totalmente após o Big Bang.
No entanto, a matéria representa agora quase 5% do universo. O resto é ainda menos compreendido, como matéria escura e energia escura. Já a antimatéria desapareceu. Por enquanto, a razão pela qual o universo está inundado de matéria, mas desprovido de antimatéria, “permanece um mistério”, disse o físico Harry Cliff. Como ambos ter-se-ão aniquilado completamente no universo primitivo, “o facto de existirmos sugere que há algo que não entendemos” a acontecer, rematou.