Problemas com Boeing Starliner deixam astronautas no Espaço à espera do regresso a casa
Dois astronautas envolvidos no teste da nova aeronave espacial da Boeing, o Starliner, estão na Estação Espacial Internacional, depois de o regresso a casa ter sido adiado pela segunda vez, devido a problemas técnicos.
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A nave, que transportava uma nova bomba para o sistema de reciclagem de urina dos astronautas da Estação Espacial Internacional (EEI), descolou a cinco de junho da Florida, nos EUA, já depois de o lançamento ter sido adiado por duas vezes, à conta de problemas de última hora. Mas a 5 de junho, o Starliner pôde finamente iniciar a viagem.
A NASA previa inicialmente que os tripulantes Butch Wilmore e Suni Williams permanecessem na EEI durante uma semana, mas o regresso foi adiado por duas vezes e a missão tem agora "tempo indeterminado". A última data apontada seria esta quarta-feira, mas tal não vai acontecer, já que ainda não foi possível resolver problemas nos propulsores e uma fuga de hélio. A nova data de regresso será 2 de julho.
A fuga já tinha sido detetada antes da descolagem, mas foi considerada pequena, não impedindo a realização da missão. No entanto, há agora quatro fugas, para além de problemas com alguns propulsores, que começaram a falhar na aproximação à EEI.
A NASA sublinha que os astronautas não estão presos no Espaço e que seria possível, a qualquer momento, regressar a casa. A questão estará relacionada com a necessidade de compreender os problemas, o que não será possível caso se inicie a viagem em direção à Terra, já que o módulo de serviço, onde se localizam as avarias, será destruído ao reentrar na atmosfera.
Wilmore e Williams são a primeira tripulação a voar na Starliner, que a Nasa e a Boeing esperam certificar para viagens regulares à EEI, um papel que a SpaceX, de Elon Musk, vem desempenhando nos últimos quatro anos.
Problemas iniciais
A abordagem inicial à EEI foi atrasada por mais de uma hora após alguns dos propulsores do Starliner, que permitem realizar as manobras mais delicadas, falharem. Antes do lançamento, já se sabia que havia uma fuga de hélio afetando o Starliner. Embora não seja combustível, o hélio fornece pressão ao sistema de propulsão. Durante o voo, no entanto, surgiram outras fugas.
Problemas iniciais com novas naves não são incomuns. O programa do Space Shuttle, nos primeiros tempos, enfrentou problemas, assim como o programa Dragon, da SpaceX, no início dos anos 2010.
A Starliner é apenas o sexto tipo de nave espacial construída nos EUA a transportar astronautas da Nasa, seguindo os programas Mercury, Gemini e Apollo nas décadas de 1960 e 1970, o Space Shuttle de 1981 a 2011, e a Crew Dragon da SpaceX a partir de 2020.
Os Estados Unidos estiveram dependentes dos foguetões russos Soyuz para ir à ISS entre 2011 e 2020.
O programa da Boeing enfrentou contratempos que variam desde um bug de software que colocou a nave numa trajetória errada durante o primeiro teste não tripulado, até à descoberta de que a cabine estava cheia de fita elétrica inflamável após o segundo teste.