Químicos da Universidade de Amesterdão desenvolveram um robô autónomo de síntese química com uma unidade integrada de aprendizagem impulsionada por inteligência artificial (IA), informou a agência noticiosa espanhola EFE, esta sexta-feira.
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Designado de "RoboChem", o dispositivo pode superar um químico humano em termos de velocidade e precisão, mostrando ainda um alto nível de criatividade. Sendo o primeiro deste tipo, o robô poderá acelerar significativamente a descoberta química de moléculas para aplicações farmacêuticas e outras.
Os primeiros resultados do "RoboChem" foram publicados na revista norte-americana "Science". O estudo mostra que o robô é um químico preciso e confiável, que pode realizar uma variedade de reações, produzindo quantidades mínimas de resíduos.
Ao trabalhar de forma autónoma 24 horas por dia, o dispositivo alcança resultados de forma rápida e incansável, permitindo realizar numa semana a síntese de dez a vinte moléculas, o que levaria vários meses a um estudante de doutoramento.
Além de produzir as melhores condições de reação, o robô também fornece a configuração para um aumento de escala. Isso significa que é possível produzir quantidades relevantes para os fornecedores da indústria farmacêutica, por exemplo, explicou Timothy Noël, do Instituto Van't Hoff de Ciências Moleculares da Universidade de Amesterdão, o criador principal do "RoboChem".
O trabalho da equipa de Noël centra-se na química de fluxo, na qual um sistema de tubos pequenos e flexíveis substitui gobelés, frascos e outras ferramentas químicas tradicionais.
O grupo de investigadores fez um grande esforço para corroborar os resultados obtidos pelo "RoboChem", tendo todas as moléculas incluídas no artigo da "Science" sido isoladas e verificadas manualmente.
Os cientistas também usaram o "RoboChem" para reproduzir investigações anteriores publicadas em quatro artigos selecionados aleatoriamente, para determinar se o robô produzia os mesmos ou melhores resultados.
"Em aproximadamente 80% dos casos, o sistema teve um melhor desempenho. Nos 20% restantes, os resultados foram semelhantes", disse Noel, citado pela EFE
"Isto não deixa dúvidas de que uma abordagem assistida por IA será benéfica para a descoberta de produtos químicos no sentido mais amplo possível", concluiu o professor.