Os empregos menos exigentes fisicamente e os que decorrem em horários não tradicionais surgem mais associados a padrões irregulares de sono, que se mantêm durante anos.
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Cidadãos com empregos altamente sedentários enfrentam um risco significativamente maior de insónia, de acordo com um novo estudo publicado a 7 de janeiro no "Journal of Occupational Health Psychology", publicação académica da Associação Americana de Psicologia.
"Já sabemos que o sono é o mais próximo que existe de uma solução mágica para a produtividade, mas o trabalho mudou, prejudicando a saúde do sono", referiu Claire Smith, autora da investigação e professora na Universidade do Sul da Flóridada, citada pela CNN. O estudo centrou-se na análise de dados de mais de mil trabalhadores ao longo de dez anos, examinando como é que o tipo de trabalho afeta os padrões de sono. Em destaque estiveram fatores como a tecnologia usada pelas pessoas, os níveis de atividade física e o horário laboral cumprido.
Os participantes partilharam os seus hábitos de sono no início do estudo (de 2004 a 2006) e uma década depois (de 2013 a 2017), através de seis indicadores: a duração do sono, a regularidade, os sintomas de insónia, os hábitos de sesta, a fadiga diurna e o tempo necessário para adormecer.
Para acompanhar as mudanças nos padrões de sono, foram identificadas três categorias distintas: pessoas que dormem bem, com insónias e com sono de recuperação. As que dormem bem apresentam ciclos regulares de sono e baixos níveis de cansaço diurno. Nos casos de insónia, os ciclos de sono são curtos, havendo elevada fadiga. Os cidadãos com sono de recuperação estão entre os dois grupos anteriores, dependendo frequentemente de sestas aos fins de semana para tentarem compensar os padrões irregulares de sono.
Os funcionários com horários de trabalho não tradicionais, especialmente os que trabalham à noite, revelaram 66% de probabilidade de se enquadrarem na categoria "de recuperação", devido aos turnos realizados. Segundo Claire Smith, os funcionários "de colarinho branco" (com tarefas administrativas ou burocráticas e mais sedentárias) são, normalmente, pessoas com insónias. As pessoas com trabalhos fisicamente mais exigentes são propensas ao sono de recuperação.
De salientar ainda que os funcionários com maus padrões de sono devido aos turnos correm o risco de lidar com esse problema durante vários anos: 90% dos participantes com insónias mantiveram-nas dez anos depois. Para a docente, a abordagem usada na investigação é valiosa por dar acesso "a toda uma nova população de pessoas (sono de recuperação) que estão a ter problemas de sono tipicamente ignorados".
Claire Smith aconselha os trabalhadores sedentários a fazerem pequens pausas para se movimentarem ao longo do dia. Exercícios simples como breves caminhadas pelo escritório podem ajudar os trabalhadores a dormirem melhor e a evitarem doenças musculoesqueléticas que perturbam a qualidade do sono.