As novas Asics Kayano pescaram na tecnologia uma soma de conforto à histórica estabilidade. Ficaram mais bonitas, mas continuam pesadas e lentas. Eis a versão 30 da lendária sapatilha.
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A versão de aniversário redondo das Asics Kayano é claramente uma pedrada no charco. Antes de mais, quanto ao aspeto. Depois, porque parece querer deixar de servir apenas pronadores para se estender a corredores neutros que tendem a pronar quando os quilómetros se acumulam.
E, à primeira corrida, parece mesmo ter deixado de se cingir a um público-alvo. Uma coisa é certa: continuam a tender para o (muito) pesado.
É tudo uma questão de tecnologia. As Gel-Kayano 30 mantêm-se claramente sapatilhas de estabilidade, mas são-no de uma forma totalmente diferente da versão anterior e acabam por replicar parte do que já víramos nas Asics Nimbus 25 e nas Cumulus 25.
O que mudou? Praticamente tudo. À semelhança das Cumulus e das Nimbus, largaram o gel visivel (e denso) para o PureGel no interior da entressola sob o calcanhar. E isso é o que mais se nota no momento de correr: a sapatilha ficou mais suave na aterragem. Mas, ao contrário do que seria de esperar. Não ficou mais leve.
A explicação poderá estar no volume da sapatilha. Transformou-se claramente num calçado maximalista: subiu 4 mm na altura, com 40 mm no calcanhar e 30 da frente, mantendo o drop tradicional de 1 cm. E alargou também, ainda que isso não se reflita extraordinariamente na sensação de adaptação ao pé no momento de calçar.
De acordo com os designers da Asics, a maior diferença está no facto de a técnica de suporte da sapatilha ter passado a decorrer da geometria.
A sola intermédia foi desenhada com uma curva pronunciada para exercer a pressão lateral exigida para a estabilidade dos pronadores.
Um acrescento de uma espuma na zona lateral central da sapatilha (que não é o suporte tradicional e duro que é imagem de marca deste modelo desde a sua criação, em 1993) também recoloca o pé na posição correta depois do impacto, reduzindo o tempo gasto em (sobre)pronação. A tecnologia é intitulada de 4D Guidance System.
E o calcanhar mais arredondado foi pensado para contrariar o impacto da aterragem da parte de trás de pé à medida que cresce o cansaço e se reduz o tamanho da passada.
Nunca se pode perder de vista o objetivo das Kayano: levar os corredores mais longe, com maior conforto.
A espuma é a dos modelos de gama mais baixa (FF Blast +), mas melhorada no sentido ecológico e da leveza (FF Blast + Eco, com 24% de material biológico).
Mas, como é aumentada (mais 20%), não há retorno na leveza da sapatilha: o tamanho médio masculino está em 303 gr (mais do que na versão 29), o feminino em 263 gr. Para as nossas preferências pessoais, é demasiado pesada e torna a passada demasiado lenta. Mas as Kayano nunca foram sapatilhas de velocidade.
A forma ligeiramente em barco (rockered) ajuda a contrariar isso, imprimindo algum impulso na passada, mas não deixa de ser uma sapatilha lenta. Ótima para aguentar o cansaço e contrariá-lo em distâncias longas, mas apenas promotoras de treinos tranquilos em distâncias mais curtas.
O design da malha superior também acompanha as últimas evoluções da marca, feito numa peça única mas estável. E, nestes dias de verão, talvez algo quente na versão que nos chegou, preta... Mas, há que dizê-lo com frontalidade: as Kayano são finalmente bonitas!
Um teste garantido como independente contratado pela marca ao australiano The Biomechanics Lab envolveu 100 corredores para comparar as Kayano 30 com a versão 29 e com duas concorrentes, para avaliar o seu conforto numa corrida a 10 km/h durante três minutos numa passadeira.
As novas Kayano venceram, mas isso vale o que vale. Porque o conforto é uma sensação pessoal, como todos nós que corremos sabemos... E, como ficou dito acima, para nós são pesadas.
Como sempre, estes topo de gama da Asics esticam-se no preço recomendado, neste caso apontado para uns pesados 200 euros.
Nota: o produto foi cedido pela marca.