Inspiração e orgulho: Iúri Leitão recebe banho de multidão em "casa" antes da Volta a Portugal
Sempre que alguma etapa da Volta a Portugal parte de "casa", é um registo especial para o ciclista da terra. Mas quando se trata de um campeão olímpico, o momento ganha ainda mais significado. Com o arranque da primeira tirada a sair de Viana do Castelo, berço de Iúri Leitão, o corredor levou um banho de multidão, com miúdos e graúdos - e claro, a família - a enaltecer o orgulho e a admiração no medalhado de Paris 2024.
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Uma hora antes de o autocarro da Caja Rural-Seguros RGA estacionar na Alameda 5 de Outubro, em pleno centro vianense, já Rita Dantas marcava lugar junto ao local designado para a equipa. Tirou o dia para ver o filho, de regresso ao pelotão da Volta a Portugal, quatro anos depois, não fosse uma mãe leoa com um orgulho imensurável no rebento de 27 anos. "Ver o Iúri correr é sempre um momento especial, não é? Claro que correr em casa, ainda por cima na Volta a Portugal, é um momento ainda mais especial", afirma ao JN.
Há precisamente um ano, o atleta de Santa Marta de Portuzelo fez História em Paris, ao vencer uma medalha de prata na prova de Omnium, em ciclismo de pista, para arrecadar, dois dias depois, o Ouro olímpico, com Rui Oliveira, na prova de Madison. Para Carolina Ribeiro, sempre ao lado do namorado, a ascensão olímpica não alterou "rigorosamente nada" a postura de Iúri, que continua a ser "o mesmo menino, humilde e carinhoso para toda a gente". "Às vezes, vamos ao supermercado, e as pessoas têm vergonha de o abordar. Ele dá um sorrisinho e as pessoas lá perdem a insegurança e vão lá falar com ele", partilha Carolina, corroborando que é "um orgulho" vê-lo sair de casa.
Minutos após da chegada do autocarro que traz o campeão da terra, dezenas de crianças acompanhadas pelos pais juntam-se à família. Entre os vianenses, Francisco Pereira reservou um lugar no asfalto mesmo em frente à porta da viatura, de camisola e caneta na mão. A família do rapaz de 12 anos viajou de Coimbra para acompanhar a Volta a Portugal e ver Iúri Leitão, um ciclista "que faz quase tudo" e que é o ídolo de Francisco. "Trago uma camisola autografada por ciclistas que eu gosto, como o João Almeida, Rui Oliveira, Afonso Eulálio ou Rui Costa. Vou pedir-lhe para a autografar e para tirar uma foto comigo", conta. Santiago Vieira e Santiago Martins, ambos com nove anos, também estão na "fila" dos autógrafos. "Estou com alegria, mas também um bocado nervoso. Se calhar ele não vai tirar fotos", anseia Santiago Vieira.
Menos de meia-hora para a partida da etapa, Iúri Leitão sai finalmente do autocarro e é ovacionado pela multidão. Nem todos conseguem chegar ao campeão olímpico, que se desdobra em selfies, autógrafos e cumprimentos. "É sempre um gosto enorme poder sair da minha terra, sair daqui de Viana, e estar com as minhas pessoas. Deixa-me muito feliz porque recordo-me que, se calhar com dez anos, era eu que estava aqui na Volta a Portugal a tentar tirar fotografias com os profissionais, e ver que agora acontece o mesmo com as novas gerações, deixa-me muito contente", afirma o corredor, antes de ir para a linha de partida.
Pelo caminho, só se ouve o nome dele. "É muito engraçado ver de perto porque ele passou de um estranho conhecido para, de repente, toda a gente o conhecer", remata Carolina Ribeiro.