
Para onde vai o lixo?
Foto: rawpixel/freepik
JNTAG - Numa época em que produzimos ainda mais resíduos, vamos fazer uma viagem a este mundo para perceber para onde vai tudo o que pomos no caixote e nos ecopontos.
Para onde vai o lixo comum?
Todos os dias produzimos lixo nas nossas casas. Mas, afinal, para onde é que ele vai a partir do momento em que o colocamos no caixote? Olhando apenas ao lixo comum, ele é recolhido por um camião e é maioritariamente encaminhado para aterros sanitários, sítios próprios onde o terreno é impermeabilizado para evitar contaminação das águas subterrâneas, e onde o lixo é depositado para decomposição. Algo que pode levar séculos. Neste caso, o lixo ocupa espaço e polui o ambiente durante muitos anos. Em alternativa, também pode ser enviado para uma Central de Valorização Energética, uma instalação que queima o lixo indiferenciado para gerar energia. Ou seja, os resíduos são queimados a altas temperaturas e o calor gerado permite mover turbinas para produzir eletricidade. Só que isto também liberta gases com efeito de estufa e não permite recuperar os materiais.
E os resíduos dos ecopontos?
Desengana-te se achas que a reciclagem não funciona, ela funciona e bem. Todo o que se coloca em cada ecoponto é recolhido por camiões e levado para uma central de resíduos urbanos - há várias pelo país. O que colocamos no ecoponto azul vai para um lado, o que pomos no ecoponto amarelo vai para outro e o mesmo acontece com o ecoponto verde. Nestas centrais, o processo começa num ponto de triagem, onde é feita a separação. No caso do ecoponto azul, a linha de triagem permite separar o papel do cartão. E cada um segue para a unidade de reciclagem. Talvez não saibas que a reciclagem permite recuperar mais de 95% dos materiais provenientes do ecoponto azul. No que toca aos resíduos do ecoponto amarelo, o plástico, o metal e os pacotes de bebidas, como o leite, também são separados. E depois, dentro do plástico, ainda é preciso separar por tipo de plástico, porque cada um vai para um reciclador diferente. Numa hora, imagine-se, é possível reciclar plástico equivalente ao peso de um elefante. Por fim, os centros de triagem têm ainda zonas de receção de embalagens de vidro, nomeadamente garrafas, frascos, boiões, que depois de separados também são transformados.
Mais de 50% de reciclagem
É sabido que o Planeta está em crise, ainda assim a reciclagem em Portugal continua aquém dos objetivos. Em 2025, já devíamos estar a reciclar 65% das embalagens de leite, água, iogurte, vinho, papel e cartão, entre outros produtos descartados no consumo doméstico. Mas a verdade é que os dados da Agência Portuguesa do Ambiente mostram que, em 2024, foram recicladas cerca de 58% das 910 mil toneladas de embalagens colocadas no mercado. E há outras entidades que apontam para números ainda mais baixos. Contudo, os dados até são positivos, só que ainda estão longe da meta definida para os resíduos urbanos, o lixo que fazemos diariamente, portanto. No nosso país, o papel/cartão e o plástico são os resíduos mais reciclados.
Países da UE estão a reciclar mais plástico
Nos últimos anos, o plástico tem levantado grandes preocupações. Basta ver que, em 2019, os plásticos geraram 1,8 milhões de toneladas de emissões de gases com efeito de estufa, o que representa 3,4% das emissões globais destes gases. E estima-se que até 2060 as emissões que decorrem do ciclo de vida dos plásticos vão triplicar. Ora, perante o cenário, os países da União Europeia estão a reciclar mais o plástico. O problema é que, ao mesmo tempo, também estão a gerar mais esses resíduos. Para teres uma ideia, cada cidadão que reside na União Europeia gerou, em média, 36,1 quilos de resíduos de embalagens plásticas em 2022, mais oito quilos por pessoa do que em 2012. E só cerca de 40% foram reciclados.
Recolha do Natal?
A quantidade exata de lixo recolhida nesta altura do Natal não é divulgada com pormenor, mas o período gera um aumento significativo de resíduos, especialmente embalagens, com a associação ambientalista Zero a alertar para o excesso de resíduos urbanos e a necessidade de mais reciclagem, apesar de já se recolherem milhões de toneladas anualmente. Em 2024 foram recolhidas em Portugal 5,52 milhões de toneladas de resíduos urbanos, mais 182,8 mil toneladas do que em 2023, indicam dados oficiais. Cada habitante produziu em média nesse ano 516,2 quilos de resíduos, mais 11,6 quilos do que no ano anterior, segundo a Agência Portuguesa do Ambiente (APA).

