JNTAG - A resposta mais imediata é sim, só que há algumas ressalvas importantes. A inteligência artificial pode ser uma ajuda, mas não deve fazer tudo por ti. Até porque há riscos evidentes.
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O que é a inteligência artificial?
Em toda a Europa, alunos e professores utilizam cada vez mais sistemas de inteligência artificial (IA), por vezes sem se aperceberem. Talvez não saibas, mas os motores de pesquisa como o Google, os tradutores, os videojogos e muitas outras aplicações utilizam IA. Mas foquemo-nos nos sistemas de IA que geram conteúdo do zero, a partir de um simples pedido nosso. Como é que isto funciona?
Estes sistemas baseiam-se em dados que estão disponíveis por toda a Internet, desde som, imagem, texto, publicações. Depois, os computadores processam esses dados, ou seja, apreendem-nos, e ficam capazes de responder a perguntas, criar textos, analisar documentos, identificar imagens ou até compreender a fala humana. E claro, estas ferramentas, como é o caso do famoso ChatGPT, têm várias maravilhas: estão sempre disponíveis, respondem em segundos e há até quem defenda que, nas escolas, podem ser usadas para ensinar, simplificar temas e responder às necessidades de cada aluno.
Tarefas escolares: sim ou não?
Há um estudo que mostra que, em 2024, já 26% dos adolescentes nos Estados Unidos usavam o ChatGPT para tarefas escolares. E, de facto, a IA pode (e deve) ser usada como uma ajuda. Só não deve é ser a tua única fonte. Porquê? É verdade que ainda se valorizam muito os trabalhos escritos nas escolas e que podes simplesmente pedir ao ChatGPT para o fazer por ti.
O problema é que os chatbots escrevem, muitas vezes (demasiadas até), coisas que não estão certas. Outras vezes não têm a informação atualizada. Ainda erram muito. Portanto, não se pode aceitar o conteúdo da IA como verdade absoluta e convém sempre confirmar com outras fontes. A IA pode ser ótima para te ajudar a entender conceitos difíceis, para perceber conteúdos através de resumos simples, para organizar o trabalho, mas não para o escrever inteiramente.
Copiar e colar tudo o que o ChatGPT te der, sem entenderes o que lá está ou sem modificares algum do conteúdo, é um grande risco, até porque o professor pode sempre fazer-te questões. Além de que, com frequência, os conteúdos gerados surgem em português do Brasil. Também é importante perceber qual é a posição dos teus professores sobre o assunto. Em resumo, não podes ver a IA como um atalho, mas como uma ferramenta que te ajuda a aprender.
Os riscos
Na verdade, as ferramentas para detetar conteúdo gerado por IA ainda não são totalmente fiáveis, mas os professores já estão muito alerta para esta questão e, não raras vezes, vão conseguindo perceber quando os alunos recorrem à IA para fazer trabalhos inteiros. De qualquer forma, os riscos vão muito além disso. Para começar, há o problema do plágio. A IA usa conteúdos que estão na Internet sem citar as fontes, o que significa que podes acabar a copiar exatamente o trabalho de outra pessoa sem saberes que o estás a fazer e, aí, facilmente o professor deteta (e, sim, plágio é crime). Depois, se pensares que a IA pode fazer todos os trabalhos por ti, vais perder capacidade de leitura, de interpretação, de escrita, de desenvolver espírito crítico. E isso vai refletir-se no teu futuro. Ainda na escola, mais tarde na faculdade ou na hora de entrares no mercado de trabalho, provavelmente vais sentir muito mais dificuldades.
Os benefícios
Como já aqui foi dito, o ChatGPT pode ser muito útil para entender temas complicados de forma mais rápida e simples. Por exemplo, se estiveres com dificuldades em perceber a instauração do Estado Novo em Portugal ou até os sistemas do corpo humano, a IA pode resumir os pontos principais e explicar-te tudo como se fosse uma história, o que te permite economizar tempo em várias pesquisas e leituras. Também ajuda a organizar o trabalho, a definir a ordem das ideias, títulos e entretítulos, a estruturar a introdução, desenvolvimento e conclusão. Além disso, depois de o trabalho estar escrito, pode detetar repetições ou frases confusas e ajudar-te a simplificá-las. Mas tem de haver muita cautela no seu uso e é crucial confirmar sempre a informação que nos é dada noutros meios, nomeadamente em livros ou sites fidedignos.