Vice de Gaia na cadeia e empresário israelita paga um milhão para ficar livre
Patrocínio Azevedo vai aguardar o desenrolar do processo em prisão preventiva.
Corpo do artigo
O vice-presidente da Câmara de Gaia, Patrocínio Azevedo, e o empresário Paulo Malafaia vão ficar em prisão preventiva, decidiu ontem à noite o Tribunal de Instrução Criminal (TIC) do Porto. Para ficar em liberdade, o empresário israelita Elad Dror entregou um dos seus passaportes e vai prestar uma caução de um milhão de euros. Já o advogado João Lopes ficará em prisão domiciliária. O arquiteto Amândio Dias fica com funções suspensas na Direção Regional da Cultura do Norte.
Só depois do jantar é que os detidos da Operação Babel, que investiga suspeitas de corrupção em empreendimentos imobiliários, sobretudo em Gaia, conheceram as medidas de coação. Os cinco tiveram sortes diferentes. Patrocínio Azevedo, suspeito de facilitar e agilizar empreendimentos imobiliários de milhões de euros, e Paulo Malafaia, empresário também arguido na Operação Vórtex, relacionada com a Câmara de Espinho, ficaram ambos em prisão preventiva.
"É tudo uma treta"
Elad Dror, líder do Grupo Fortera, saiu em liberdade já era noite. Visivelmente cansado, o empresário garantiu que, "no que diz respeito a Elad e à Fortera, é tudo uma treta. Mais uma vez: nunca pedi a ninguém para fazer algo ilegal por nós. Temos projetos espetaculares e devíamos ser apoiados pela Autarquia".
Por perigo de fuga, a juíza obrigou-o a entregar o passaporte e a prestar, no prazo de 30 dias, uma caução de um milhão de euros. "Tenho outro passaporte, mas vivo aqui com a minha família. É claro que vou pagar o que for preciso. Estou aqui", afirmou o israelita.
Elad Dror avançou que ia para casa, onde tinha cinco filhos à espera, e que desejava que os projetos em curso, no valor de centenas de milhões de euros, não fossem prejudicados. "Viemos com boas intenções. Os projetos vão ser feitos, a Fortera vai prosperar talvez não comigo a liderar, porque sou muito interessante para o público. Vou tornar-me menos interessante e vou para junto da minha família", prometeu.
O advogado João Lopes, outro arguido, que, segundo a investigação, servia de ponte entre Patrocínio e os dois empresários, ficará em prisão domiciliária, com pulseira eletrónica. Amândio Dias, funcionário da Direção Regional de Cultura, foi suspenso de funções. Todos os arguidos estão proibidos de contactar entre si e com testemunhas.
Vários crimes em causa
A juíza presidente da Tribunal Judicial da Comarca do Porto, Ausenda Gonçalves, informou que estão em causa crimes de recebimento indevido de vantagem, corrupção ativa, tráfico de influência, recebimento indevido de vantagem, corrupção passiva, tráfico de influência, prevaricação e fraude na obtenção de subsídio.
Funcionários
Suspenso de funções
O Tribunal de Instrução Criminal decidiu suspender de funções os dois funcionários públicos ligados à Câmara do Porto Ricardo Magalhães e Rodolfo Nogueira. A Magalhães também foram impostas a prestação de uma caução de 20 mil euros e apresentações diárias às autoridades como medidas de coação.
Advogado analisa
Paulo Fraga, advogado de Ricardo Magalhães, disse que iria analisar o despacho do juiz para ponderar um eventual recurso das medidas de coação.
Corrupção
Os funcionários públicos foram indiciados por crimes de abuso de poder e de corrupção passiva.