A criatividade dos traficantes de cocaína não tem limites e quase tudo serve para esconder a droga das autoridades policiais. No entanto, há métodos mais utilizados do que outros e um dos preferidos dos cartéis internacionais passa pelo recurso aos contentores de fruta.
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A cocaína é dissimulada entre a carga com origem na América do Sul e destinada aos maiores portos portugueses, onde é retirada por estivadores controlados pela rede. Noutros casos, a organização criminosa só tem acesso à droga quando o contentor chega a armazéns de empresas de fachada. Além da fruta, os traficantes escondem droga em máquinas, no meio de carvão e entre grãos de café.
1 de maio de 2023
A descoberta de cerca de 4,2 toneladas de cocaína dissimuladas em paletes de fruta significou a maior apreensão de cocaína neste ano. A cocaína provinha da América Latina e, segundo a PJ, apresenta um "elevado grau de pureza". "Foi transportada até Portugal por via marítima, dissimulada num carregamento de fruta em paletes, mais concretamente de bananas, que entrou em território nacional, através do Porto de Setúbal", informou a Polícia. A droga chegou ao porto de Setúbal e foi transportada para um armazém de frutas, tendo sido aqui apreendida pela PJ. Ninguém foi detido.
14 de abril de 2023
O Porto de Leixões foi a porta de entrada da cocaína que abasteceu o maior laboratório clandestino alguma vez descoberto na Europa. Pela infraestrutura portuária portuguesa chegou à Europa, oriunda da Colômbia, uma máquina trituradora de pedra que escondia mais de tonelada e meia de droga e era por aqui que chegariam outros três equipamentos semelhantes, com idêntica quantidade de pasta base de coca. A máquina foi importada por uma empresa portuguesa, recentemente comprada por um empresário do País Basco ao serviço de uma organização que juntou colombianos, mexicanos e espanhóis, num investimento de dois milhões de euros. O laboratório, instalado numa moradia da zona de Pontevedra, Galiza, podia produzir 200 quilos de cocaína por dia.
1 de fevereiro de 2023
Aos portos de Sines e de Setúbal chegavam contentores com fruta, mandioca e amido de milho, mas também cocaína. Os contentores eram importados por uma empresa portuguesa, que nunca vendia a fruta. O esquema foi identificado no Brasil, mas seria em Portugal que cinco traficantes sofreram condenações a penas de prisão entre os seis e os dez anos.
17 de janeiro 2023
A PJ de Braga, com a colaboração da Autoridade Tributária e Aduaneira e ainda da Polícia Nacional de Espanha, apreendeu 104 quilos de cocaína, que se encontravam no interior de um contentor guardado num armazém, em Barcelos. O contentor, que chegou a Portugal através do porto de Leixões, transportava bananas importadas por uma empresa portuguesa. No âmbito desta operação, foram detidos seis homens, todos estrangeiros.
10 de julho de 2022
Uma rede importava polpa de fruta congelada do Brasil para a Europa e, em abril de 2020, o líder foi detido pela PJ, quando foram descobertas duas toneladas de cocaína camufladas entre o açaí, num contentor no Porto de Sines. Este brasileiro liderava, do outro lado do Atlântico, uma empresa de comércio de fruta exótica, que tinha um armazém em Palmela e era gerida por dois cúmplices.
28 de junho de 2022
Dois brasileiros rumaram a Portugal para criar uma empresa dedicada à importação de açaí. Trataram da burocracia, arranjaram uma sede e compraram um armazém em Ourém. Tudo para dar uma aparência de legalidade a um negócio que era apenas uma forma de dissimular o tráfico de cocaína. Logo no primeiro carregamento de açaí que transportaram, de navio, do Brasil para Portugal, a dupla escondeu 300 quilos de droga, destinados a abastecer vários países europeus, que foi apreendida no armazém de Ourém.
3 de maio 2022
A Autoridade Tributária e Aduaneira apreendeu 318 quilos de cocaína nos portos de Setúbal e Sines. Num dos casos, foram descobertos 250 quilos de cocaína dissimulados em ananases num contentor proveniente da América do Sul. Em Sines, foram apreendidos outros 68 quilos num contentor com resina de Madeira proveniente do Brasil. Os contentores foram submetidos a uma inspeção com scanner, que levou os funcionários aduaneiros a duvidar sobre o conteúdo.
https://www.jn.pt/justica/apreendidos-318-quilos-de-cocaina-nos-portos-de-setubal-e-sines--14821551.html
2 de junho de 2021
Mais de 860 quilos de cocaína, camuflada em 30 dos 1364 sacos de carvão que entraram na Europa em contentores marítimos, pelo Porto de Sines, foram apreendidos numa operação efetuada por 50 elementos da PJ e da Polícia Nacional espanhola. A cocaína era muito difícil de detetar, porque, ainda na América do Sul, era sujeita a um processo químico, muito usado pelos cartéis mexicanos e colombianos, que a transformou em pequenos blocos pretos em tudo semelhantes a carvão. O processo retira à droga o seu cheiro, impedindo os cães da Polícia de a localizar. O esquema só foi descoberto, porque, ao longo de dois anos, a PJ e a sua congénere espanhola começaram a suspeitar das importações feitas por um conjunto de empresas, uma delas portuguesa.
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6 de março 2020
Uma empresa de Ponte da Barca, que tinha como proprietário formal um indigente, importou 400 quilos de cocaína escondidos num contentor que transportava ananases. A firma, controlada de facto por um serralheiro da zona de Braga, era uma fachada usada por um cartel internacional. Os contentores carregados de ananases, vindos da República Dominicana, chegaram a Portugal pelo porto de Setúbal e seguiam de camião para o Minho, onde ficava a sede da empresa de fachada criada com os documentos de um sem-abrigo.
15 de fevereiro de 2019
Com apenas 250 euros de capital social, um empresário alemão constituiu uma sociedade em Portugal para importação e comércio por grosso de frutas e produtos hortícolas, mas tudo não passava de uma fachada para tráfico de droga: pelo meio, foram também importados 31 quilos de cocaína com alto grau de pureza. A investigação da PJ apurou que chegou ao Porto de Leixões, desde a Costa Rica, um primeiro contentor com "yuca" (mandioca) e "cayote" (chuchu), produtos que ficaram num armazém em Guilhabreu, Vila do Conde. Após esta primeira experiência bem-sucedida, chegou um segundo carregamento com 600 caixas de "yuca" e mais 600 caixas de "cayote", que escondiam 80 embalagens de cocaína, com peso de 31,243 quilos.
14 de fevereiro de 2019
Uma fiscalização aleatória da Autoridade Tributária e Aduaneira permitiu encontrar 350 quilos de cocaína escondidos em mochilas colocadas entre caixas de bananas, transportadas até ao porto de Setúbal, num barco que partiu da Costa Rica. A PJ suspeitava que a droga chegou a Portugal através do método "rip-on/rip-off", bastante utilizado em países como a Holanda e a Bélgica e que consiste em colocar o produto estupefaciente, de forma clandestina e sem o conhecimento dos donos da carga, em contentores legais. Os contentores são alvo de assaltos simulados para afastar as suspeitas das autoridades do tráfico de droga.