A Polícia Judiciária (PJ) deteve quatro suspeitos, em flagrante delito, por crimes de branqueamento e falsificação de documentos. Os detidos, um português e três estrangeiros, integram uma rede criminosa internacional que usava bancos portugueses para branquear lucros obtidos com burlas informáticas. O esquema duraria pelo menos desde 2018.
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A organização aliciava pessoas, portuguesas e estrangeiras, para abrir contas bancárias, por vezes recorrendo a identidades e documentos falsificados. As contas eram depois controladas pela rede e tinham como único propósito receber as verbas obtidas através de burlas informáticas.
Segundo um comunicado da PJ, após a abertura das contas, as mesmas começavam a receber várias transferências, todas de origem internacional. Seguiam-se múltiplas transferências internacionais para outras contas bancárias para dissimular a origem dos fundos.
Estima-se que, pelo menos desde 2018, centenas de milhares de euros tenham sido creditados nestas contas. Uma vez que as transferências eram todas internacionais, a PJ acredita que a rede apenas usaria Portugal para fins de branqueamento de capitais.
Espanha, França e Reino Unido
A operação da PJ foi levada a cabo através da Unidade Nacional de Combate ao Cibercrime e à Criminalidade Tecnológica, em estreita colaboração com as autoridades policiais de Espanha, França e do Reino Unido. As quatro detenções ocorreram na sequência de buscas domiciliárias às residências dos próprios. Além da falsificação de documentos, os suspeitos estão fortemente indiciados pela prática de crimes de branqueamento de capitais.
"A investigação conduzida permitiu apurar que estes indivíduos integrarão uma organização criminosa internacional que utiliza o sistema bancário nacional para branqueamento de elevadas somas obtidas ilicitamente através da prática de burlas de natureza informática em países estrangeiros", acrescentou a PJ.
Os quatro detidos serão agora apresentados a um juiz de instrução criminal para interrogatório e aplicação de medidas de coação.
Recorde-se que na passada semana, a PJ deteve um estrangeiro de 71 anos por suspeitas de lavagem de dinheiro. O homem usava documentos falsos para abrir empresas que recebiam verbas obtidas com burlas internacionais com recurso à moeda virtual "bitcoin". O homem foi detido quando se preparava para fazer um levantamento em notas. Estima-se que terá lavado cerca de 3,7 milhões de euros. Foi colocado em prisão preventiva.
Esquemas
Burlas informáticas - As organizações criminosas aliciam as vítimas a fazerem investimentos, por exemplo em moedas virtuais.
Transferências - As verdas angariadas são rapidamente transferidas para contas abertas noutros países por testas de ferro ou também com recurso a identidades falsas.
Dissimular origem - Das contas "falsas" o dinheiro é rapidamente transferido para outras contas internacionais ou levantado em numerário para esconder o rasto. As contas são encerradas, quase sempre antes de as vítimas se aperceberem da burla.