Acusada de maus tratos por deixar filhos sozinhos cinco dias para ir ao cabeleireiro
O Tribunal de Bragança começou, nesta quarta-feira, a ouvir as testemunhas do processo cuja arguida é uma mulher que deixou os cinco filhos menores sozinhos naquela cidade transmontana durante quatro dias, para ir ao cabeleireiro em Lisboa.
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As crianças foram resgatadas pela PSP, após denúncia para a situação de abandono em que estavam os menores, no dia 20 de fevereiro de 2021. Os agentes depararam-se com os menores sozinhos em casa, sem higiene, num contexto de abandono e risco. Foi o menino mais velho, com 12 anos, quem abriu a porta aos agentes da Polícia. A arguida de 41 anos a senta-se agora no banco dos réus acusada de cinco crimes de violência doméstica cometidos por omissão em concurso aparente com cinco crimes de maus tratos.
Em casa, sob supervisão do menino de 12 anos, estavam quatro irmãos: dois bebés gémeos com um ano, e duas crianças de 4 e 6 anos. O mais velho tinha ficado responsável por mudar a fralda aos mais novos, bem como por alimentar os quatro e de os levar à escola. Era uma amiga da mãe que lhes levava alimentação, mas, pelo que se apurou, as crianças não iam à escola desde que a mãe se tinha ausentado para Lisboa, onde terá ido ao cabeleireiro e fazer compras.
O Ministério Público indica que as crianças foram encontradas numa situação de falta de higiene, com loiça suja, lixo e restos de comida podre espalhados pela cozinha. Os móveis encontravam-se tombados pela casa e no quarto, onde as crianças dormiam, havia fraldas sujas e uma panela cheia de urina em cima da cómoda. As crianças foram encontradas sujas, cheiravam mal, vestidas com roupa fina, descalças e sem meias, descreve o processo.
Face a este cenário, o Ministério Público considera que "a arguida agiu com total desrespeito, tendo atingido a dignidade dos filhos enquanto pessoas, pois sabia, de antemão, que eles iriam precisar do auxílio de um adulto". A mãe só foi localizada uns dias após a intervenção da PSP. Os menores após serem resgatados pelos agentes foram institucionalizados na Obra Kolping, em Bragança.
Entretanto, a mãe mudou-se para a zona de Lisboa. A família vivia há vários anos em Bragança e não tinha qualquer retaguarda familiar.