Advogados dizem que "não se fez prova" de quem matou adepto do F. C. Porto em 2022
Os advogados dos principais suspeitos da morte de um adepto do F. C. Porto em 2022 defenderam esta quinta-feira que "não se fez prova alguma" de quem cometeu aquele crime, e criticaram o pedido de "pena máxima" feito pelo Ministério Público.
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No final das alegações finais, que decorreram durante todo o dia no Tribunal de S. João Novo, no Porto, um dos principais arguidos, Renato Gonçalves, pediu para falar e pediu desculpa à família da vítima, Igor Silva, e aos arguidos "que não tiveram nada a ver com isto".
Igor Silva foi morto com 18 facadas durante os festejos da conquista do titulo de campeão nacional de futebol pelo F. C. Porto, estando a ser julgados 11 arguidos sobre os acontecimentos na Alameda do Estádio do Dragão, sete dos quais por homicídio.
Nas alegações finais, o Ministério Público (MP), a procuradora Adriana Faria pediu "pena máxima" (25 anos de prisão) para Marco Gonçalves, Renato Gonçalves e Paulo Cardoso (pai, filho e tio) e uma "pena próxima da máxima" para Diogo Meireles, os quatro principais arguidos no caso da morte de Igor Silva.
Para os restantes arguidos acusados daquele crime (Miguel Pereira, Rui Costa e Sérgio Machado), o MP pediu "penas exemplares", e penas de prisão efetiva para os restantes, a mãe e irmã de Renato Gonçalves e uma amiga destas, acusadas de ofensas à integridade física de uma jovem.
A advogada da irmã e da mãe de Renato repudiou a pretensão do Ministério Público que pediu penas de prisão efetiva para ambas e também para Cassandra, a amiga.
"A Marisa e a Iara se não fossem mulher e filha do Marco nem eram arguidas neste processo. Condenadas a uma pena efetiva para duas pessoas por ofensas? São agravadas pelo resultado? Não seria justiça", defendeu Poliana Ribeiro, sendo que a advogada de Cassandra seguiu o mesmo raciocínio quanto à não participação da sua cliente nos acontecimentos daquela noite.
Quanto ao arguido Miguel Pereira, a advogado descredibilizou o depoimento das testemunhas que o ligavam aos factos, salientando que "ninguém podia adivinhar que o Igor ia estar" nos festejos do título naquele local e que "não podem ser condenado por subir e descer escadas a correr".
Para o advogado de Sérgio Machado "nenhuma testemunha" apontou este arguido como autor de qualquer facada ou conseguiu esclarecer sem dúvidas o envolvimento do seu cliente nos factos daquela noite, pelo que Ricardo Pinto pediu a absolvição deste arguido.
Quanto ao arguido Rui Costa, a advogada Luísa Macanjo salientou que este não aparece em "nenhuma imagem" ligada aos factos, defendendo que não pode ser "culpado pelo que não fez".
Momentos antes, os advogados de Renato e Marco Gonçalves admitiram que os seus clientes "agiram mal", mas condenaram o "julgamento em praça pública" de que dizem terem sido os arguidos alvo, salientado que o objetivo do MP "é apenas condenar e não descobrir a verdade".
Poliana Ribeiro, que representou também Marco Gonçalves, salientou que "ainda antes de o julgamento começar" já o seu cliente estava condenado.
"O Marco tem que ser culpado. Antes de ser julgado, o Marco já era culpado, o Marco tem que ser culpado ou ninguém vai entender isto", disse.
A leitura do acórdão está marcada para 07 de maio.
A 08 de maio de 2022, cerca das 02:00, durante os festejos do título de campeão nacional de futebol conquistado pelo FC Porto, alguns dos arguidos envolveram-se numa acesa troca de palavras com a vítima mortal, junto ao Estádio do Dragão, sustenta.
Acrescenta ainda a acusação que, motivados por um desejo de vingança, alguns dos suspeitos perseguiram, manietaram e agrediram Igor Silva com o propósito de lhe tirar a vida, agredindo-o a socos, murros e pontapés e usando uma faca com uma lâmina de cerca de 15 a 20 centímetros.
Nessa sequência, a vítima mortal foi esfaqueada várias vezes em diferentes partes do corpo e, apesar de ainda ter sido transportada para o Centro Hospitalar Universitário de São João, no Porto, acabou por morrer, refere.