
Teixeira Correia
O agente da PSP detido esta terça-feira na operação que investiga uma organização criminosa que controlava centenas de trabalhadores estrangeiros, a maioria dos quais em situação irregular em Portugal, estava colocado no Comando Distrital de Beja, mas encontrava-se, atualmente, desarmado e de baixa prolongada desde setembro de 2024, ou seja, há cerca de 14 meses, segundo disse esta terça-feira ao JN fonte da Direção Nacional daquela força de segurança.
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Repudiando, "de forma veemente, qualquer conduta, interna ou externa, que constitua uma violação flagrante desses princípios", a PSP garante que "serão desenvolvidos os procedimentos disciplinares adequados e preventivos", assim que se souber de que crimes o polícia está indiciado.
"A PSP é, e bem, uma das instituições mais escrutinadas e inspecionadas do nosso Estado de Direito. Mesmo sendo difícil a prevenção de todas as situações desviantes, internamente tudo faremos para as impedir e para garantir o respeito pelos direitos fundamentais, com compromisso, confiança e proximidade com todos os cidadãos", garante a instituição.
A detenção pela Polícia Judiciária deste elemento e de mais dez militares da GNR, além de seis civis, ocorreu no âmbito de um inquérito dirigido pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal, que envolveu o cumprimento de cerca de 50 mandados de busca nos distritos de Beja, Portalegre, Coimbra (Figueira da Foz) e Porto.
Os factos investigados são suscetíveis de integrar, em abstrato, a prática de crimes de auxílio à imigração ilegal, tráfico de pessoas, corrupção ativa e passiva e abuso de poder.
A investigação suspeita que estes elementos das forças de segurança, "a troco de compensação económica", exerciam o "controlo e a vigilância" dos trabalhadores estrangeiros, que estavam dispostos "a trabalhar sem contrato formalizado, recebendo remuneração inferior à praticada no mercado para as funções que aceitaram realizar, em setores de utilização intensiva de mão de obra, como o da agricultura".
"Estes suspeitos ameaçavam ainda aqueles cidadãos, dando-lhes a entender que a queixa às autoridades não seria uma alternativa viável para reagir aos abusos de que foram e/ou estão a ser alvo", refere o Ministério Público.

