
Guarda tem colaborado "desde o início", diz o major João Gaspar
Foto: Pedro Correia
A GNR afirmou, esta terça-feira, que está a colaborar na operação que levou à detenção de dez dos seus militares, suspeitos de integrarem uma organização criminosa que controlava centenas de trabalhadores estrangeiros, a maioria dos quais em situação irregular em Portugal, e que não fará mais comentários, por se tratar de uma investigação da Polícia Judiciária ainda em curso.
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Contactado pelo JN, o major João Gaspar, da Divisão de Relações Públicas da GNR, confirmou que a Guarda tem colaborado "desde o início" no âmbito desta investigação, participando tanto nas buscas como nas detenções realizadas. Este responsável sublinha, contudo, que a GNR não fará qualquer comentário adicional, uma vez que o processo se encontra sob investigação da Polícia Judiciária, reforçando apenas a total disponibilidade da Guarda Nacional Republicana para continuar a cooperar com as autoridades competentes sempre que necessário.
A detenção destes dez militares da GNR e de um agente da PSP, além de outros empresários da região do Alentejo, ocorreu no âmbito de um inquérito dirigido pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal, que envolveu o cumprimento de cerca de 50 mandados de busca e 17 mandados de detenção nos distritos de Beja, Portalegre, Coimbra (Figueira da Foz) e Porto. Os factos investigados são suscetíveis de integrar, em abstrato, a prática dos crimes de auxílio à imigração ilegal, tráfico de pessoas, corrupção ativa e passiva e abuso de poder.
A investigação suspeita que estes elementos das forças de segurança, "a troco de compensação económica", exerciam o "controlo e a vigilância" dos trabalhadores estrangeiros, que estavam dispostos "a trabalhar sem contrato formalizado, recebendo remuneração inferior à praticada no mercado para as funções que aceitaram realizar, em setores de utilização intensiva de mão de obra, como o da agricultura".
"Estes suspeitos ameaçavam ainda aqueles cidadãos, dando-lhes a entender que a queixa às autoridades não seria uma alternativa viável para reagir aos abusos de que foram e/ou estão a ser alvo", refere o Ministério Público.

