Agressões e alimentos estragados: novas denúncias de maus tratos a idosos em lar
Funcionário relata agressões e distribuição de alimentos deteriorados. Denúncia efetuada por trabalhadores não teve consequências.
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Um ex-funcionário do lar da Santa Casa da Misericórdia de Boliqueime, em Loulé, investigada por maus-tratos a uma idosa que foi encontrada com formigas em feridas abertas e acabou por morrer, denunciou novos casos de que incluíram agressões. Esta sexta-feira, familiares de utentes tentaram ser recebidos para pedir explicações à instituição, mas não conseguiram. Queriam respostas, mas a direção não permitiu a sua entrada.
Vinicius trabalhou no lar um ano, durante a pandemia, e garante que os maus tratos eram constantes. "O mais chocante a que assisti foram agressões físicas a utentes. Pisam no pé, tapa na cara, algumas das vezes também arranhão, pegar utentes e apertá-los. A humilhação também. Alguns utentes chamados de palhaços, porcos", conta o ex-funcionário ao JN.
Alimentos estragados
Segundo a mesma fonte, a grande maioria dos alimentos já chegavam perto do fim do prazo da validade e eram distribuídos já em mau estado. Havia fruta com bolor e os iogurtes fora do prazo provocavam diarreias. "Cheguei a participar à direção, mas nada foi feito, que eu tenha conhecimento", garante. "Logo que cheguei, havia utentes desnutridos. Alguns gritavam por ajuda, mas ninguém ia. Os idosos queixavam-se de que o médico, que era espanhol, não entendia o que diziam", acrescenta.
Denúncia ignorada
Alguns funcionários escreveram uma carta a denunciar as más condições. "Diziam que os idosos eram maltratados. Entreguei a carta ao Ministério Público e mais tarde, quando me mostraram o vídeo, também o fui entregar. Enviei tudo para a Segurança Social, para a Câmara de Loulé e para a diocese do Algarve, mas ninguém fez nada", afirma Jorge Leiria, um dos fundadores da Misericórdia de Boliqueime.
Ainda esta sexta-feira, surgiram novas imagens chocantes sobre alegados maus-tratos a utentes, que incluem alimentos deteriorados e situações de sofrimento para utentes.
Imagens datadas de junho deste ano de uma utente de 86 anos com escaras e formigas no corpo deram origem ao caso que já está a ser investigado pelo Ministério Público.