Os três cabo-verdianos que acompanhavam Luís Giovani Rodrigues na noite em que terá sido agredido, em Bragança, vão voltar a ser ouvidos em julgamento, cuja sessão está marcada para dia 17 de novembro.
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A reinquirição dos jovens havia sido pedida pela defesa de Bruno Fará, um dos sete arguidos acusados pelo Ministério Público de um crime de homicídio qualificado consumado. A decisão surge na sequência das alterações aos factos relatados na acusação e na decisão instrutória pelo coletivo de juízes, que está a julgar o caso no Tribunal de Bragança, e que levaram ao adiamento da leitura do acórdão que estava marcada para 19 de setembro.
A defesa de Bruno Fará tinha requerido ao tribunal que voltassem a ser ouvidos em julgamento os três alunos cabo-verdianos que acompanhavam o Luís na noite da rixa, numa rua de Bragança, na madrugada de 21 de dezembro de 2019, e que viria a morrer dez dias depois no Hospital de Santo António, no Porto. Os arguidos do processo haviam sido notificados por escrito da "alteração não substancial aos factos" e ficaram com 10 dias para se pronunciar e apresentar nova prova.
As alterações feitas pelos juízes vão ao encontro da maioria das defesas e do que defendeu o próprio procurador do Ministério Público nas alegações finais do julgamento, nomeadamente de que apenas Bruno Fará terá atingido a vítima quando manuseava um pau.
A defesa deste arguido "não vê onde é que o tribunal foi beber argumentação na prova testemunhal para o facto novo e por isso pretende ouvir os ofendidos para os poder questionar sobre o facto, porque naquela contenda foram os que estiveram mais próximos de Giovani e de Bruno Fará", explicou o advogado Gil Balsemão.
Foi acrescentado ao processo que a briga, que teve início dentro de uma discoteca, foi provocada por um dos queixosos [Valdo Andrade] porque se meteu com umas mulheres e que o Bruno Fará, enquanto girava um pau no ar, terá acertado no Giovani. "Esta parte não resultou de qualquer depoimento das testemunhas ouvidas em julgamento. Não percebo qual é a origem desse facto e pedi que fossem reinquiridos os três cabo-verdianos", explicou Gil Balsemão.
Segundo a acusação, Giovani Rodrigues e mais três cabo-verdianos estiveram envolvidos em agressões com os sete arguidos na madrugada de 21 de dezembro de 2019.
Giovani deu entrada nessa noite na Urgência do Hospital de Bragança com um traumatismo cranioencefálico. Horas depois de ter entrado naquela unidade hospitalar, foi transferido para Hospital de Santo António, onde esteve internado em coma durante 10 dias, tendo sido declarado morto no dia 31 de dezembro. A autopsia foi inconclusiva quanto à causa da morte, mas os peritos ouvidos durante o julgamento explicaram que o jovem de 21 anos apresentava apenas um ferimento na cabeça.