Amigos e colegas de Carlos Castro foram apanhados de surpresa com a notícia da morte do cronista. Margarida Martins, a presidente da Associação Abraço, recorda um "homem atento, polémico e muito frontal", Maria Barroso descreve-o como sendo "pessoa dotada de uma grande delicadeza" e o Correio da Manhã lamenta a perda de um colaborador "exemplar".
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Presidente da Abraço ficou "chocada" com a notícia
A presidente da Associação Abraço, Margarida Martins, recordou Carlos Castro como um "homem atento, polémico e muito frontal".
Margarida Martins afirmou ter ficado chocada com a morte do cronista e lembrou que na última Gala de Travesti que realizou manifestou publicamente que estava "muito contente" por ir de férias para os Estados Unidos.
Há 19 anos que o jornalista e cronista social apoiava a Abraço na realização da Gala dos Travestis, que se realiza tradicionalmente no Dia Mundial de Luta Contra a Sida (1 de Dezembro).
"Ele apoiava-me sempre, apesar de às vezes se zangar connosco, mas era tudo da boca para fora, não era do coração. Era uma pessoa muito generosa e muito preocupada", reforçou a presidente da associação de apoio a pessoas com VIH/Sida.
Margarida Martins destacou também o contributo de Carlos Castro para desmistificar a questão da homossexualidade em Portugal: "Sempre falou abertamente de tudo, sempre esteve ao lado das pessoas. Era uma pessoa polémica, muito frontal e isso é muito importante neste país".
Maria Barroso recorda uma "pessoa dotada de grande delicadeza"
Maria Barroso, que assinou o prefácio do último livro de Carlos Castro, descreveu hoje, sábado, o colunista social como uma "pessoa dotada de uma grande delicadeza".
A mulher do antigo Presidente da República Mário Soares escreveu o prefácio do livro "As mulheres que marcaram a minha vida", uma compilação das crónicas que Carlos Castro tinha publicado nos últimos anos na revista 'Moda & Moda'.
No livro, o quinto e último que publicou, Carlos Castro escreve sobre as 13 divas que marcaram o seu percurso pessoal e profissional, entre as quais a fadista Amália Rodrigues, a actriz Beatriz Costa e as princesas Diana e Grace Kelly.
Carlos Castro "tinha a preocupação que as mulheres fossem também lembradas e não fossem apenas ressaltados os papéis dos homens e isso foi muito interessante. Foi o que me fez aderir ao convite" para prefaciar o livro, contou Maria Barroso à agência Lusa.
"Ele foi sempre uma pessoa extremamente simpática comigo, de uma grande delicadeza e agora quando escreveu o último livro pediu-me para prefaciar o livro e para o apresentar e foi isso que fui fazer", acrescentou.
Correio da Manhã perde colaborador "exemplar"
O director adjunto do Correio da Manhã (CM), Armando Esteves Pereira, lamentou hoje, sábado, a morte do colunista Carlos Castro, sublinhando que o jornal perde um colaborador "exemplar", figura de referência no sector mas que manteve sempre uma "grande humildade".
"Era um homem de uma humildade e um profissionalismo exemplar. O Correio da Manhã perde um colaborador bom e exemplar", disse Armando Esteves Pereira à agência Lusa.
Carlos Castro colaborava há vários anos com o jornal do grupo Cofina com uma crónica diária e uma entrevista semanal, publicada aos domingos.
De acordo com o director adjunto do Correio da Manhã, o cronista deixou prontas algumas entrevistas programadas para as próximas semanas.
Armando Esteves Pereira diz que a marca de Carlos Castro fica para sempre registada no mundo social, até porque o colunista "foi o inventor do 'jetset' social que temos".
"Há figuras que foi ele que inventou, são figuras que ele criou e que muito lhe devem", referiu o director adjunto do CM.
Armando Esteves Pereira disse ainda saber que, de acordo com a família de Carlos Castro, o cronista queria que as suas cinzas ficassem em Nova Iorque, "a cidade que mais gostava", uma situação "curiosa" numa morte "trágica e cruel".