O antigo dirigente do Chega, Nuno Afonso, foi absolvido do crime de difamação de que havia sido acusado pelo Bloco de Esquerda (BE). Em causa estava uma publicação no Facebook do atual vereador da Câmara de Sintra sobre uma receção em Serpa a André Ventura. Afirmou ele que o presidente do Chega havia sido recebido com protestos e insultos por "pessoas instrumentalizadas por elementos do Bloco de Esquerda (sim há provas)".
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O BE moveu-lhe um processo por ofensa a organismo, serviço ou pessoa coletiva e exigia 20 mil euros de indemnização, mas o Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa absolveu Nuno Afonso, considerando que o facto de ter afirmado que "o partido assistente [BE] é "antidemocrático, apoiante de ditaduras e ditadores totalitários, não convive bem com opiniões diferentes, não sabe estar numa democracia" e ainda que é um partido que "apoia a violência" e de "gente muito perigosa", são meras opiniões políticas e juízos conclusivos, protegidos pelo direito à liberdade de expressão".
Para o Tribunal, o arguido, "agindo de boa fé e com a informação disponível", acreditava "ser verdade que o partido assistente "instrumentaliza" pessoas desta etnia [cigana], pese embora se considere o verbo "instrumentalizar" exagerado, de mau gosto e desadequado".
Mas, e apesar disso, "entende-se que as expressões exageradas e empoladas fazem parte do debate político a que, tanto o assistente, como o arguido, se encontram inseridos".
Em comunicado Nuno Afonso considerou-se "satisfeito por verificar o bom funcionamento da Justiça, num processo que assim parece terminar, apesar de passível de recurso".
O antigo chefe de Gabinete de André Ventura recorda ter afirmado que "o Bloco de Esquerda era um partido de gente perigosa, não querendo de forma alguma generalizar, é do conhecimento comum que em órgãos nacionais e em candidaturas autárquicas, o BE apresentou pessoas condenadas por terrorismo, ligadas à morte de mais de uma dezena de pessoas".
"Creio que terrorismo se qualifica como algo perigoso, sem, como disse, querer de alguma forma generalizar", concluiu.