O ex-primeiro-ministro, António Costa, foi ouvido, a seu pedido, pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal, no âmbito da Operação Influencer, avançou o jornal Expresso. O JN confirmou a inquirição e apurou que António Costa foi ouvido na qualidade de declarante e não é arguido.
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O antigo chefe de Governo, que é suspeito do crime de prevaricação, tinha pedido à equipa do Ministério Público responsável pelo caso para ser ouvido o mais rapidamente possível. A audição decorreu esta sexta-feira.
Contactados pelo JN, os advogados de António Costa, João Lima Cluny e Diogo Serrano, confirmaram a audição e adiantaram que o ex-primeiro-ministro "foi hoje ouvido na qualidade de declarante, na sequência do requerimento por si apresentado em 2 de abril de 2024".
"No âmbito da inquirição de hoje, prestou todos os esclarecimentos solicitados pelo Ministério Público, não tendo sido constituído arguido. Mantém-se, como até agora, totalmente disponível para colaborar em tudo o que o Ministério Público entender necessário", adiantaram os advogados num comunicado enviado ao JN.
Recorde-se que o Ministério Público (MP) realizou, a 7 de novembro de 2023, buscas e detenções por suspeitas de corrupção no megaprojeto do Data Center de Sines. O MP acredita que membros do anterior Governo beneficiaram interesses privados através de legislação à medida. No mesmo dia, após um comunicado da Procuradoria-Geral da República, António Costa demitiu-se, levando à queda do Governo.
A mina do Romano, em Montalegre, foi o projeto que originou a investigação sobre um alegado favorecimento no negócio do lítio. O então secretário de Estado, João Galamba, é suspeito de ter favorecido a empresa Lusorecursos e os procuradores do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) colocaram o então governante sob escuta, levando a outras suspeitas.
Do lítio de Montalegre, apareceram outras suspeitas em Boticas e depois no projeto do hidrogénio verde em Sines, o mesmo concelho onde a Start Campus quer instalar o Data Center.
Os procuradores foram juntado as provas recolhidas, dando origem à Operação Influencer. Entretanto, a Procuradora-Geral da República, Lucília Gago, criou uma equipa especial de polícias e magistrados que se dedica em exclusividade à investigação. O inquérito oficialmente foi dividido em três partes: lítio, hidrogénio verde e Data Center e é no âmbito deste último que António Costa pediu para ser ouvido.
Inicialmente, por se tratar do primeiro-ministro, a investigação a António Costa foi remetida ao MP junto do Supremo Tribunal de Justiça. Porém, no princípio de abril, o processo transitou para o MP do DCIAP, por António Costa já não ocupar o cargo.