Uma mulher, com aproximadamente 30 anos, tentou sábado, ao final da tarde, raptar um recém-nascido no Serviço de Obstetrícia do Hospital de S. João, no Porto.
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A suspeita entrou naquele local envergando uma bata branca, pegou no bebé e preparava-se para sair quando foi abordada por familiares do menino que, embora enganados pela bata, quiseram saber para onde ia levar a criança. A suspeita não soube responder, o que fez soar o alerta e impedir o crime.
Ao que o JN apurou, a tentativa de rapto ocorreu pouco passava das 19 horas. A mulher terá conseguido entrar naquele serviço, também conhecido como maternidade, no quinto piso do hospital, graças à bata que envergava e da qual se terá apoderado já no interior da unidade de saúde, em circunstâncias que ainda não são claras.
A intrusa dirigiu-se então à porta do serviço, que foi aberta do interior. Terá sido uma visita que acreditou que se tratava de uma profissional e acionou a abertura. Sendo de uma área sensível e fortemente controlada desde há uma década - na sequência de vários raptos noutros hospitais (ler textos na página seguinte) - os acessos do exterior são eletrónicos e só possíveis com cartão.
No caso das visitas, o livre-trânsito só é concedido aos pais ou familiares por estes indicados e previamente identificados. O mesmo sucede com médicos, enfermeiros ou auxiliares, mas apenas os que exercem naquele serviço. No entanto, as portas podem ser abertas por um simples interruptor, a partir do interior, o que terá sido o caso.
Quando os familiares da criança se aperceberam de algo de anormal na atitude da mulher, impediram a sua fuga e alertaram os responsáveis do serviço. Foi chamada a segurança e agentes da esquadra da PSP localizada junto à Urgência. A suspeita foi conduzida à esquadra do Bom Pastor.
Ao que o JN apurou, ontem à noite o caso ainda não havia sido comunicado à Polícia Judiciária que é quem tem competência (exclusiva) para investigar crimes de rapto. A suspeita deve ficar sob custódia até amanhã, para ser presente a um juiz. À hora do fecho desta edição não era conhecida a sua identidade.
Ontem à noite, questionado pelo JN sobre o caso, o diretor do Serviço de Urgência, João Jaime Sá, remeteu qualquer comentário para a assessoria de imprensa do hospital. Esta não respondeu ao contacto do JN.
Outros casos do género
26 Julho 2015 - Hospital de Faro: Uma mulher toxicodependente, retirou o filho da incubadora, duas horas após o parto, colocou-o numa cesta e abandonou o hospital. A mulher temia que o filho fosse entregue para a adoção, mas colocou-a num perigo ainda maior pois a criança tinha graves problemas de subnutrição devido ao consumo de drogas da mãe. Quatro dias depois, a mãe regressou ao hospital com a criança, pressionada pela publicação do JN de um fotograma seu a sair do hospital com a bebé.
14 Junho de 2008 - Hospital Padre Américo: Uma mulher vestida de enfermeira retirou um bebé dos braços da mãe com o pretexto de o pesar e fugiu com ele. Oito horas depois, a bebé foi encontrada pela PJ em Felgueiras.
17 de Fevereiro 2006 - Hospital Padre Américo: A mãe tinha deixado a bebé de apenas três dias na cama enquanto foi jantar. Dez minutos depois, uma enfermeira dava o alarme. A bebé tinha desaparecido. Uma mulher encontrou-a sozinha, meteu-a num saco e saiu do hospital. Deixou-a no carro e ainda regressou para devolver o cartão de visitante. A criança só viria a ser localizada 13 meses depois, em Valongo. A raptora tinha simulado uma gravidez e enganou o próprio marido. Acabou por ser denunciada por uma cunhada. Foi condenada a quatro anos de pena suspensa e a pagar uma indemnização de 30 mil euros.
17 julho 2002 - Hospital Senhora da Oliveira: Uma desconhecida perguntou à mãe de André Tiago, de apenas um dia de vida, se precisava de ajuda. Enquanto ela ia à casa de banho, a mulher pegou no bebé e desapareceu. Quatro dias depois, a 21 de julho, o menino é encontrado no interior do Santuário da Penha, com a mesma roupa e manta. Nunca se soube quem o tinha levado.
* Com Alexandra Figueira e Tiago Rodrigues Alves