Número de pessoas a pedir auxílio voltou a aumentar no ano passado, mas cifras negras continuam altas. Mais de 200 menores agredidos pelos padrastos.
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Em 2022, houve, em média, 23 mulheres por dia a pedir ajuda à Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV). No mesmo período, sete crianças, quatro idosos e outros tantos homens recorreram, diariamente, aos serviços dos técnicos desta entidade. A estatística consta do Relatório Anual da APAV, publicado, esta quarta-feira, e que revela também que o número de vítimas de nacionalidade estrangeira e de crianças agredidas pelo padrasto e madastra cresceu de forma considerável.
Ao longo de todo o ano, a APAV apoiou, presencialmente, pelo telefone ou através das redes sociais, um total de 14 688 vítimas diretas de crime e de violência, o que representa um aumento de 10,9% de vítimas face a 2021. Mais de 77% foram mulheres agredidas em contexto de violência doméstica, mas no topo dos crimes registados estão, igualmente, crimes sexuais contra crianças e jovens, ameaças e coação, ofensas à integridade física, difamação e injúrias e ainda crimes sexuais contra adultos.
"Os números são muito reduzidos face à realidade. Estima-se que apenas uma pequena percentagem de vítimas procura ajuda", refere secretária-geral da APAV.
Carmen Rasquete acrescenta que o aumento de vítimas apoiadas não representa, diretamente, um crescimento da violência. "Atualmente, as pessoas estão mais informadas e sensibilizadas para apresentar queixa. A APAV também tem expandido os serviços de proximidade e isso reflete-se num maior número de denúncias", justifica.
Padrastos agressores
Os dados agora conhecidos revelam ainda que 13,6% das vítimas apoiadas são estrangeiras. Brasileiras e angolanas estão no topo da tabela, mas, no ano passado, mais do que duplicaram as vítimas de nacionalidade alemã. O mesmo se passou com pessoas oriundas da Moldávia. "São comunidades muito presentes no país e às quais temos vindo a chegar cada vez mais", afirma Carmen Rasquete.
No ano passado, a APAV registou, de igual modo, um crescimento de 259% nas vítimas menores agredidas pelo padrasto ou madrasta. Se, em 2019, foram identificados 68 casos, no ano passado a APAV apoiou 244 menores agredidos pelos companheiros dos pais.