Foi em Aveiro que foram finalmente detidos dois dos criminosos mais procurados na América do Sul desde 2003. Os perigosos Rodolfo "Ruso" Lohrman e José Maidana foram apanhados. Agora, há uma longa lista de crimes a esclarecer.
Corpo do artigo
O mais importante será o sequestro de Christian Schaerer, que tinha 21 anos, quando, em setembro de 2003, foi levado por um gangue em Corrientes, na Argentina. Até hoje, Christian não apareceu. Não se sabe onde está. Se está vivo. Se está morto.
O pai de Christian, Pedro Schaerer, ex-ministro da Saúde de Corrientes, ele próprio procurado pela Polícia, estava fugido em Asunsión del Paraguay, quando ocorreu o sequestro. Pagou o resgate pedido: 277.300 dólares (256.990 euros) entregues pela mãe de Christian, Pompeya Gómez, aos criminosos.
O pagamento foi cumprido, mas o filho do casal nunca apareceu, suspeitando-se de que tenha sido assassinado na noite da entrega do resgate.
Uma das hipóteses levantadas para explicar o crime foi um ajuste de contas entre o gangue e o pai de Christian, que fugiu para o Paraguai em 1999, acusado de corrupção, peculato, gestão danosa, entre outros crimes.
Este não é, de resto, o único sequestro levado a cabo por Lohrman. Também terá sido o autor do sequestro do empresário Claudio Stefanich, em 2002, e pelo qual cobrou um resgate de 30 mil dólares (27.802 euros).
À distância, é suspeito de orquestrar o rapto de Cecilia Cubas, filha do antigo presidente paraguaio Raúl Cubas, dois anos mais tarde, e o das empresárias María Elizeche e María Elena Vargas.
É ainda suspeito do homicídio de um menino de dez anos, com excesso de calmantes. Os assaltos a bancos e os alegados subornos de polícias vieram mais tarde.
Tornou-se no fugitivo mais procurado da América do Sul e por cuja captura se oferecia uma recompensa de 100 mil dólares (92.675 euros).
"Ruso" Lohrman e o seu braço direito, Maidana, conseguiram manter-se fugitivos durante estes 14 anos. Usaram sempre identidades falsas e terão sido submetidos a cirurgias plásticas para não serem reconhecidos.
O passo em falso foi dado em Portugal, no ano passado. A dupla de argentinos foi detida pela Unidade Nacional de Combate ao Terrorismo da Polícia Judiciária juntamente com mais três pessoas. Faziam parte de um gangue descrito pelas autoridades como "bastante violento" e suspeito de ter realizado cinco assaltos à mão armada em dependências bancárias, desde meados de 2014, na zona da Grande Lisboa, "cuidadosamente planeados e executados".
Dos cinco detidos, um era de nacionalidade portuguesa, outro espanhola, e três apresentaram documentação falsa, que a polícia investigou. E confirmou-se: dois deles eram Lhorman e Maidana. Este último usava a identidade de Jorge Miguel Tavares da Costa e, aparentemente, residia desde 2005 em Portugal, de onde enviada dinheiro para a sua irmã.