Começou esta segunda-feira no tribunal de Bragança o julgamento do caso que as autoridades batizaram de "Semente em Pó". Quatro arguidos - uma mulher e três homens - com idades entre os 44 e os 53 anos, vão sentar-se no banco dos réus.
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Um dos arguidos do processo era Jorge Figueiredo, de 56 anos, que morreu quando se encontrava na sala de convívio da prisão de Bragança, a 18 de maio.
Jorge Figueiredo estava em prisão preventiva, desde junho de 2022, medida de coação aplicada pelo juiz de instrução criminal depois de ter sido um dos detidos na operação coordenada pelo Núcleo de Investigação Criminal da GNR de Mirandela, por suspeita de pertencerem a uma rede que se dedicava ao tráfico de estupefacientes, com epicentro em Mirandela, que operava em vários concelhos da região Norte.
Os arguidos estão acusados pelo Ministério Público dos crimes de tráfico de estupefacientes e detenção de arma proibida. Três continuam em prisão preventiva há 12 meses: Sandra Pinto, de 44 anos, a mulher do falecido Jorge Figueiredo, técnica superior na câmara de Mirandela; Amílcar Teixeira, de 54 anos, pai de Edmar, antigo concorrente do "Big Brother", também de Mirandela, e Vítor Soares, de 33 anos, de Vila Nova de Gaia, marido de Sónia Jesus que participou na mesma edição do reality-show da TVI.
Sandra Pinto negou estar envolvida no tráfico de droga, bem como os factos da acusação e explicou em tribunal que "fez uma ou duas entregas", mas conhecia os demais arguidos e culpou o falecido marido pela atividade ilícita.
A arguida assumiu que era consumidora de cocaína e que houve uma busca na casa onde residiam em Mirandela, onde foi encontrada uma quantidade considerável de droga, mas disse que não sabia da sua existência porque "só tinha visto o produto para autoconsumo".
O MP deduziu ainda acusação contra Júlio Carvalho, de 53 anos, residente em Boticas, que também tinha sido detido, mas aguarda julgamento em liberdade.
Estão arroladas cerca de 80 testemunhas.
Enterravam droga e plantavam canábis
Segundo a acusação, os arguidos dedicavam-se à venda de estupefacientes nos concelhos de Mirandela, Chaves, Valpaços, Vila Nova de Gaia e Boticas, em que parte do produto era adquirido nos distritos do Porto e Vila Real e posteriormente tratado, acondicionado e enterrado em locais ermos do concelho de Mirandela para ser revendido a consumidores.
Paralelamente a essa atividade, o grupo cultivava plantas de canábis, aproveitando locais em que a vegetação não permitia detetar a presença das mesmas, procedendo à sua secagem e embalamento em armazéns, no concelho de Mirandela, para posteriormente a vender.