Tal como já tinha acontecido na passada segunda-feira, a greve dos funcionários judiciais voltou a impedir, esta manhã, o início do julgamento do caso "semente em pó" que envolve cinco arguidos (quatro homens e uma mulher) que o Ministério Público acusa de pertencerem a uma rede que se dedicava ao tráfico de droga, com epicentro em Mirandela e que operava em vários concelhos da região Norte.
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Inicialmente, a primeira sessão do julgamento estava marcada para a passada segunda-feira, no tribunal de Bragança, mas acabou por ser adiada devido à greve dos funcionários judiciais, tendo o coletivo de juízes reagendado a sessão para esta quarta-feira, que, pelo mesmo motivo, acabou por não acontecer.
Segundo apuramos, junto de fonte ligada ao processo, não foi agendada nova data, sabendo-se apenas que não será marcada antes do dia 15 de abril.
Os réus são cinco dos seis detidos na operação coordenada pelo Núcleo de Investigação Criminal da GNR de Mirandela, no dia 1 de junho de 2022,
Quatro estão em prisão preventiva, desde a detenção, há 10 meses: Jorge Figueiredo, de 56 anos. A sua mulher, Sandra Pinto, de 44 anos, técnica superior na câmara de Mirandela. Amílcar Teixeira, de 54 anos, pai de Edmar, antigo concorrente do Big Brother, todos de Mirandela, e Vítor Soares (Vitó), de 33 anos, de Vila Nova de Gaia, marido de Sónia Jesus que participou na mesma edição do reality show da TVI com Edmar.
O MP deduziu ainda acusação contra Júlio Carvalho, de 53 anos, residente em Boticas, que também tinha sido detido mas aguarda julgamento em liberdade.
Os cinco estão acusados do crime de tráfico de estupefacientes, a quatro deles (exceto a Vitó), o MP também deduziu acusação pelo crime de detenção de arma proibida e sobre Amílcar Teixeira ainda recaiu a acusação do crime de tráfico e mediação de armas.
Apenas o irmão de Amílcar Teixeira, também detido na operação, não vai a julgamento.
O MP arrolou cerca de 80 testemunhas.
Segundo a acusação, os arguidos dedicavam-se à venda de estupefacientes nos concelhos de Mirandela, Chaves, Valpaços, Vila Nova de Gaia e Boticas, em que parte do produto era adquirido nos distritos do Porto e Vila Real e posteriormente tratado, acondicionado e enterrado em locais ermos do concelho de Mirandela para ser revendido a consumidores.
Paralelamente a essa atividade, o grupo cultivava plantas de canábis, aproveitando locais em que a vegetação não permitia detetar a presença das mesmas, procedendo à sua secagem e embalamento em armazéns, no concelho de Mirandela, para posteriormente a vender aos consumidores.