Brasil Soccer Academy fala em ato racista e xenófobo. Investida aconteceu na madrugada de segunda-feira.
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Quatro jovens de nacionalidade brasileira, dois deles jogadores das equipas de futebol da AD Ovarense, foram atacados de madrugada na residência onde vivem, no Furadouro, Ovar, ao mesmo tempo que terão sido alvo de insultos xenófobos. A situação, ocorrida segunda-feira, foi denunciada à PSP pela Brasil Soccer Academy, empresa que representa os atletas.
Segundo o JN apurou, o ataque aconteceu pelas 4.30 horas. Na residência, encontravam-se dois jogadores da AD Ovarense, um terceiro atleta, também de nacionalidade brasileira, e ainda um amigo que estava a passar uns dias com eles. Todos com idades compreendidas entre os 18 e os 23 anos. "Apareceu um bando de 10 ou 12 meliantes locais, já conhecidos pelas autoridades. Arrombaram a porta e entraram na casa, armados com facas, barras de ferro e outros tipos de armas brancas, e atentaram contra a vida dos que estavam no local. Gritaram "vocês vão morrer, brasileiros" e outros insultos", contou Ricardo Mariath, responsável pela Brasil Soccer Academy.
Ataques até nos jogos
Em causa, alegadamente, terá estado o facto de "um dos jogadores ter falado com a ex-namorada de um dos membros do grupo, no final de um jogo", explicou Ricardo Mariath.
"Um dos chefes da quadrilha já tinha feito uma ameaça direta a esse nosso jogador, nas redes sociais, por causa dessa situação. Mas o que está por trás não interessa, uma vez que o mais grave é tratar-se de um ataque xenófobo e racista. E esses insultos têm vindo a ser recorrentes nos jogos", sublinhou o responsável.
O JN sabe que, antes da invasão da casa dos jogadores, o grupo chegou a bater noutras portas da vizinhança, para descobrir aquela residência. Quando a encontraram, a confusão instalou-se, mas os jovens brasileiros conseguiriam escapar pelas traseiras. "Fugiram e esconderam-se numa zona de mata, só saindo ao amanhecer. Deixaram os telemóveis em casa, mas, mais tarde, um deles conseguiu ir pedir ajuda a um amigo que vive perto", adiantou Ricardo Mariath, frisando que os atletas "têm receio de voltar para a localidade e estão a ser acompanhados psicologicamente".
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Sem roubo
Para Ricardo Mariath, "a prova de que se tratou de um ataque dirigido e não de um assalto é que os jogadores deixaram tudo para trás, em casa, e nada foi roubado".
Queixa na PSP
Os responsáveis pela Brasil Soccer Academy apresentaram queixa à PSP. Contactada pelo JN, a PSP confirmou a ocorrência, remetendo esclarecimentos para mais tarde.