Empresário de Viseu Carlos Pinto enfrenta terceiro processo. MP acusa-o de liderar esquema para branquear dinheiro.
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O empresário viseense Carlos Inácio Pinto e a ex-modelo romena Eliza Grosu, o autor e a vítima de um crime de tentativa de homicídio cometido na cidade galega de Vigo, em 2016, vão voltar a sentar-se lado a lado para responderem pela coautoria de um crime de branqueamento de capitais.
Estão em causa 2,88 milhões de euros cuja origem ilícita - deduções de IVA indevidas - Carlos Pinto terá tentado dissimular através de esquemas de circulação do dinheiro em que participaram mais 33 arguidos, entre os quais estão duas ex-mulheres do cabecilha: a romena, 30 anos mais nova, e uma portuguesa.
Da acusação que acaba de ser deduzida pelo Ministério Público do DIAP Regional de Coimbra, só consta o crime de branqueamento de capitais, porque o chamado "crime precedente" (indispensável para o branqueamento ser imputado) já foi julgado em processo anterior. Estavam então em causa dois crimes de fraude fiscal qualificada, na forma continuada, pelos quais o Tribunal de Viseu condenou Carlos Inácio Pinto numa pena de prisão efetiva de quatro anos.
No processo anterior, ficou demonstrado que, entre 2008 e 2010, duas empresas de que o arguido era sócio-gerente (a Metaresults e a Iso FC, ligadas a isolamentos técnicos) emitiram 750 faturas falsas, com o valor de 9,2 milhões de euros, em nome de outra empresa do mesmo indivíduo, a Arcelomittal, por bens e serviços que esta não forneceu. O objetivo era obter, em prejuízo do Estado, o valor do IVA.
No processo que teve agora acusação, importava seguir o rasto do dinheiro sujo. E a Polícia Judiciária de Coimbra verificou que Carlos Pinto fazia-o circular por diferentes contas suas e de pessoas próximas, que acederam a receber cheques e valores e recebido contrapartidas. Entre as 33 pessoas acusadas da coautoria do branqueamento, estão dez empresas, mas o DIAP destaca os papéis de uma funcionária, Olga Silva, e da mulher de quem o empresário se divorciaria em 2009. A romena com que ele contrairia novo matrimónio tê-lo-á ajudado a "lavar" 370 mil euros.
Caso mediático
Preso em Espanha
No julgamento por tentativa de homicídio da ex-mulher romena, Carlos Inácio Pinto foi condenado a 11 anos e quatro meses, num processo que teve grande atenção mediática. Está preso em Pontevedra.
Seguro de vida
O empresário atacou a vítima "de surpresa e por trás", num hotel em Vigo. Atingiu-a na cabeça com uma maça de calceteiro, mas ela resistiu e fugiu. Ele sofreu um enfarte. Semanas antes, tinham ambos subscrito um seguro de vida.