Os candidatos a skinheads tinham de "apresentar serviço" aos membros de pleno direito dos Portugal Hammerskins (PHS). O ritual de iniciação incluía estudo aturado, com leituras obrigatórias, e passava por atos de violência contra indivíduos negros, indianos, homossexuais e de ideologia política de Esquerda.
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O Ministério Público (MP) refere na recente acusação contra aquele grupo que, em pelo menos dois destes rituais, as vítimas - um jovem de cor e outro que aparentava ser homossexual - não morreram por pura sorte.
Os PHS foram criados em janeiro de 2005. O grupo nacionalista e supremacista branco defendia a expulsão de todas as minorias étnicas de Portugal. E a violência seria o meio para atingir o seu fim.
Segundo uma norma não escrita dos PHS, todos os candidatos teriam de "apresentar serviço". Um eufemismo para atos de violência física contra "negros, indianos, homossexuais e/ou que defendam uma ideologia de Esquerda".
Estas "ações de rua" iniciáticas eram incentivadas pelos membros efetivos e serviam para aferir as capacidades físicas e dedicação dos pretendentes. Só depois de mostrarem o seu valor é que poderão ambicionar pertencer aos PHS.
"consciência patriótica"
Porém, não bastava saber bater para integrar as fileiras dos nacionalistas. Segundo o "Código" PHS, os candidatos tinha de ter mais de 18 anos e de ser "única e exclusivamente" descendentes de caucasianos.
Além de requisitos como "orgulho racial e consciência patriótica", os pretendentes deveriam sujeitar-se à leitura e estudo obrigatório de um conjunto de livros de temática nacionalista e racista. Só após o estudo é que os candidatos poderiam ambicionar ao estatuto de membros efetivos - "hammers".
Segundo o Ministério Público, 27 elementos dos PHS terão cometido crimes de discriminação racial, religiosa ou sexual, ofensa à integridade física qualificada, incitamento à violência, homicídio qualificado tentado, dano com violência, detenção de arma proibida, roubo, tráfico de estupefacientes e tráfico de armas.
"Os arguidos agiram com o propósito de pertencer a um grupo que exaltava a superioridade da "raça" branca face às demais", afirma o Ministério Público, acusando-os de agredir e ofender "pessoas com ideais políticos, raça, religião ou orientação sexual distintos dos seus e incentivando ao ódio e à violência contra aqueles".
Código PHS
O grupo possui leis escritas e não escritas. As escritas estão vertidas no Código PHS, um documento com 44 artigos, divididos por seis títulos.
Características
Segundo as regras, os "hammers" terão de possuir: orgulho racial e consciência patriótica; espírito de grupo; honra, lealdade e caráter.
Sede em Odivelas
O grupo tinha uma "skinhouse" num armazém em Odivelas, local onde os membros conviviam e organizavam eventos nacionais e internacionais de membros "hammerskin".