O presidente da Câmara Municipal de Cascais, Carlos Carreiras (PSD), afastou responsabilidades de Miguel Pinto Luz, ex-vice-presidente da autarquia e atual ministro das Infraestruturas, no processo sob suspeita de criação da primeira fábrica de máscaras cirúrgicas no concelho no âmbito da pandemia de covid-19, em 2020.
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"O único responsável em todo o processo sou eu", afirmou, acrescentando que nem o seu então número dois nem outros vereadores tiveram "qualquer participação" naquele processo. "Na altura, estávamos em confinamento. Eles ficaram confinados, eu não. [...] E, portanto, o único responsável sobre essa matéria sou eu", insistiu Carlos Carreiras, numa declaração, esta quarta-feira, nos Paços do Concelho, um dos quatro edifícios do universo municipal onde estão a decorrer buscas no âmbito, apurou o JN, de dois inquéritos.
O segundo está relacionado com a candidatura de Miguel Pinto Luz à presidência do PSD, em 2020 e incide sobre um contrato entre uma empresa municipal de Cascais e a agência de comunicação que assessorou o então vice-presidente da autarquia na campanha interna do partido. O atual ministro das Infraestruturas negou, na altura, qualquer ilegalidade.
Confrontado esta quarta-feira pelos jornalistas, Carlos Carreiras assegurou que, "no âmbito do que tem conhecimento", as buscas em curso estão relacionadas somente com a instalação da fábrica de máscaras cirúrgicas e sua posterior alienação. "Contratos feitos com a autarquia, zero. Não faço a mínima ideia sequer do que está falar. Não tenho conhecimento sequer de que haja contratos", salientou o presidente da Câmara Municipal de Cascais.
O autarca social-democrata, que cumpre o terceiro mandato à frente do Município, disse ainda não estar preocupado com a operação em curso. "Quando temos a consciência completamente tranquila, estamos naturalmente com uma grande serenidade", vincou.
O inquérito relativo à fábrica de máscaras cirúrgicas resultou de um relatório do Tribunal de Contas, cujas conclusões foram contestadas pelo executivo. Já o processo relacionado com a candidatura de Miguel Pinto Luz à presidência do PSP terá tido origem numa denúncia de Clemente Alves, vereador do PCP na Câmara Municipal de Cascais desde 2013.