A primeira sessão do julgamento do caso de violência doméstica entre Manuel Maria Carrilho e Bárbara Guimarães decorreu esta quarta-feira, em Lisboa, com a defesa do antigo ministro da Cultura a tentar provar que o casal não estava em Lisboa na data e local a que refere o novo facto em apreciação.
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A reabertura do processo de violência doméstica prende-se com um novo facto que a juíza Joana Ferrer tinha recusado avaliar anteriormente, mas que o Tribunal da Relação de Lisboa determinou que teria de ser apreciado.
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O caso remonta a 14 de setembro de 2013, quando Carrilho terá agarrado e ameaçado Bárbara Guimarães, na casa do casal, em Lisboa. "'Estás a ver estas escadas? Atiro-te e vamos todos ao teu funeral"', contextualizou, esta quarta feira, a juíza Joana Ferrer.
A defesa de Carrilho chamou a depor em tribunal um sobrinho e um irmão de Carrilho, que revelaram ter estado com o casal num casamento em Viseu, nesse mesmo dia. O evento terá começado pelas 16 horas. Carrilho terá saído cedo da festa, mas Bárbara ficou e, segundo o sobrinho, terá pernoitado na quinta.
O advogado de Bárbara Guimarães fez questão de esclarecer este pormenor, com o sobrinho do antigo ministro da Cultura a dizer que, afinal, não tinha certeza de que Barbara tivesse dormido na quinta de família, em Viseu, mas que assim tinha presumido.
Entretanto, o advogado de Manuel Maria Carrilho não acredita que a avaliação do novo facto que obrigou à reabertura do processo, no âmbito do qual o seu constituinte foi absolvido em 2017, vá alterar a sentença.
Paulo Cunha e Sá falou ainda das imagens exibidas numa reportagem da TVI, dizendo que gostaria de saber como foram obtidas. Quando questionado sobre se iria mover algum processo contra o canal de televisão, o advogado respondeu querer apenas resolver o processo.
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Manuel Maria Carrilho, que não falou aos jornalistas, esteve agarrado a uma revista a ler mais uma matéria sobre si e Bárbara Guimarães, antes mesmo da audiência começar, à qual Bárbara Guimarães não compareceu.
Inicialmente agendada para 9 de janeiro, a sessão acabou por ser adiada para esta quarta-feira.
Carrilho foi absolvido mas Relação mandou reabrir caso
Manuel Maria Carrilho tinha sido absolvido há um ano do crime de violência doméstica e de 22 crimes de difamação.
Em dezembro, o Tribunal da Relação de Lisboa mandou reabrir o julgamento do caso, aceitando um recurso do Ministério Público determinando a reabertura da audiência.
Inconformado com a decisão de absolvição, o Ministério Público (MP) apresentou um recurso, invocando "nulidades de despachos que indeferiram a realização de diligências de prova essenciais e indispensáveis à descoberta da verdade".
Em comunicado divulgado a 14 de dezembro na página do MP de Lisboa era explicado que o Ministério Público da primeira instância "entendeu que a sentença devia ser revogada e substituída por outra que dê como provados factos vertidos na acusação pública e que, em qualquer caso, condenasse o arguido pela prática de um crime de violência doméstica".
A 15 de dezembro de 2017, a juíza Joana Ferrer absolveu Manuel Maria Carrilho justificando: "Perante a realidade trazida ao tribunal, prova pericial inconclusiva e perante uma prova testemunhal abundante, mas que não foi capaz de sustentar a acusação, não resulta da matéria de facto provada que o arguido tem cometido o crime de violência doméstica".