O presidente da Câmara Municipal de Vila Real anunciou, esta quinta-feira, que vai apresentar uma participação no Ministério Público contra incertos, na sequência de uma carta anónima posta a circular na cidade e nas redes sociais, em que é acusado ser "o chefe máximo do polvo", num esquema de várias ilegalidades.
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A carta, com sete páginas, coloca em causa a conduta de Rui Santos enquanto autarca do PS ao longo dos dez anos que leva de mandato, bem como de vereadores, atuais e anteriores, pessoas próximas do seu executivo, elementos do Partido Socialista de Vila Real e vários empresários.
O documento descreve uma série de procedimentos de “assédio” e “perseguição” a trabalhadores do município, “tráfico de influências” e "corrupção”, classificando o presidente da Câmara de Vila Real como “o chefe máximo do polvo”. O universo das supostas ilegalidades inclui contratação pública, aprovação de projetos e transferências de dinheiro, entre outras. A carta terá seguido também para o Ministério Público.
Rui Santos deu uma conferência de imprensa, esta quinta-feira de manhã, para a qual levou dezenas de outras cartas anónimas que coleciona desde o seu primeiro mandato na Câmara. Agora está a meio do terceiro e último.
A conferência foi marcada, não para reagir às acusações que lhe são apontadas na carta, pois “nenhuma delas é verdade”, mas para marcar uma posição em defesa dos que lhe são próximos, nomeadamente a sua família, e anunciar que vai avançar para a Justiça.
O autarca classificou de “chorrilho de mentiras” o teor da carta que supostamente tem origem na, diz o documento anónimo, “revolta dos funcionários do Município de Vila Real e das suas empresas”. Rui Santos classificou-a como “uma carta cobarde, sem rosto, que usa os trabalhadores do Município como escudo das suas intenções pessoais e políticas baixas e falsas”.
Rui Santos enquadra esta situação no atual contexto político-partidário, com várias eleições à vista, e aponta o dedo ao “partido dos cobardolas”, como sendo o autor do comunicado, sem precisar a qual se refere. “Estava mais do que na altura do partido dos cobardolas começar a sua campanha difamatória e mentirosa”, prosseguiu o autarca socialista, notando que a carta fui divulgada na semana em que foram anunciados os candidatos do PS às eleições legislativas de 10 de março.
“Acreditando que eu seria candidato, escolheram o dia da aprovação das listas do PS para difundirem massivamente um verdadeiro folhetim que procura atingir uma série de cidadãos e as suas famílias, apenas por cometerem o ‘crime’ de serem próximas de mim, do Partido Socialista ou da câmara municipal”, sublinhou Rui Santos. “Um ataque baixo, pessoal e direcionado”, precisou, enfatizando o facto de a carta também ter tido mais distribuição no dia do seu aniversário, a 24 de janeiro.
Rui Santos realçou que esta não é a primeira vez que é alvo de cartas anónimas em que se denunciam várias situações ilegais. Algumas foram investigadas pela Justiça. “Em nenhuma delas fui alguma vez acusado ou condenado” vincou.
Já como presidente da Câmara, foi ainda envolvido por outras denúncias em burlas, manipulações, favorecimentos e utilização indevida de recursos públicos. “O Ministério Público fez o seu trabalho, cumpriu a sua obrigação e sempre fui ilibado de todas as porcarias que me procuraram atirar, na sua esmagadora maioria através de cartas anónimas amplamente difundidas”.
“Se é verdade que a atual carta anónima foi também enviada para o Ministério Público, espero que investigue rapidamente e com grande profundidade”, insistiu Rui Santos, concluindo: “Hoje mesmo, será entregue uma queixa ao Ministério Público na qual acusaremos incertos e em que apresentaremos as nossas suspeitas sobre a autoria desta vergonha”.