Cocaína chegada do Brasil era controlada por funcionários. Viciado no jogo alinhou para recuperar dinheiro perdido sem a mulher saber.
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O funcionário de uma empresa de catering, que abastece os aviões que fazem a ligação entre Brasil e Portugal, contratou um trabalhador da Groundforce, responsável pela retirada da carga do porão das aeronaves, um viciado em apostas desportivas e com dificuldades financeiras, e dois cunhados desempregados para retirar dezenas de quilos de cocaína do Aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto.
Todos estavam ao serviço de um cartel internacional e recebiam, cada um, cerca de 50 mil euros por cada encomenda. Todos foram também acusados, recentemente, de tráfico de droga. Tinham sido detidos pela Polícia Judiciária (PJ) do Porto no final de 2021.
O cartel em causa recorre quase sempre a funcionários aeroportuários para traficar cocaína entre o Brasil e a Europa. Desde janeiro do ano passado, contratou um português, trabalhador de uma empresa de catering que serve a alimentação em voos transcontinentais, e passou a fazer o mesmo no Aeroporto Francisco Sá Carneiro. Este homem, com 43 anos, socorreu-se dos seus contactos no aeroporto do Porto e recrutou um chefe da equipa da Groundforce que era responsável pela retirada da carga do porão dos aviões oriundos do Brasil.
No final de outubro de 2021, o chefe da Groundforce colocou propositadamente umas paletes, retiradas de uma aeronave que fez o voo entre São Paulo e o Porto, junto ao portão de um armazém da sua empresa. O local ficava fora do alcance das câmaras de vigilância, permitindo que, à hora de almoço, outro elemento da rede entrasse no armazém vazio, retirasse das paletes dois volumes com 43 quilos de cocaína e abandonasse o espaço no seu carro.
PJ montou vigilância
O último indivíduo era viciado em apostas desportivas e atravessava dificuldades financeiras. Para cobrir os prejuízos com o jogo, aceitou transportar a droga até à sua própria casa, para aí a guardar, até que um casal de desempregados, contratado pelo cunhado que liderava a rede, fosse buscá-la.
Porém, o viciado foi detido à saída da autoestrada, na Maia, pela PJ. Os inspetores montaram uma ação de vigilância que monitorizou toda a operação de retirada da cocaína do aeroporto do Porto e que facilitou a detenção dos cinco traficantes que compunham a célula portuguesa do cartel.
Os quatro homens e uma mulher foram, no final de abril deste ano, acusados de tráfico de estupefacientes pelo Ministério Público. O funcionário da empresa de catering responde ainda por detenção de arma proibida.