Chefes da Guarda consideram que concentração incentivada pelo Chega é “extemporânea”
A Associação Sindical de Chefias do Corpo da Guarda Prisional (ASCCGP) acredita num entendimento sobre o suplemento de risco e, nesse sentido, considera extemporânea a concentração em frente ao Parlamento, na próxima quinta-feira, dia em que será apreciado o projeto-lei a apresentar pelo Chega.
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“Mantemos a confiança no ímpeto da ministra da Justiça e não é por nós que a última proposta vai para trás. Mas ainda acreditamos que esta possa ser melhorada”, refere, ao JN, o presidente da ASCCGP, Hermínio Barradas.
Tal como fez com os elementos da PSP e da GNR, o Governo propôs fixar em 300 euros, mesmo que de forma faseada, o suplemento de risco para os guarda prisionais. Um valor que a ASCCGP ainda espera que cresça. “No seguimento das negociações, após esforço responsável das partes, separa agora os intervenientes um gap de 100 euros mensais. Dizem os cálculos simplificados que o acordo de uma valorização (a acrescer aos 300 euros já consentidos) dessa ordem terá um custo anual de quatro milhões de euros. Tudo é relativo e passível de ponderação e de análise equilibrada”, defende a ASCCGP, em comunicado.
A associação lembra, aliás, que “num passado recente, 4,2 milhões de euros era o custo inicial do altar-palco da Jornada Mundial da Juventude e um município nem vacilou”. “Um Governo hesita fechar um acordo por um valor de quatro milhões de euros?”, questiona a ASCCGP.
“Legítima, mas extemporânea”
Mesmo considerando que há margem para aumentar a atual proposta, a ASCCGP não rejeita o valor do suplemento de risco em discussão. “Nunca seria pela ASCCGP que o corpo da guarda prisional deixaria de ter uma valorização de 4200 euros anuais”, garante o comunicado divulgado nesta segunda-feira.
Assim, Hermínio Barradas entende que a concentração de polícias e guardas prisionais incentivada pelo líder do Chega, André Ventura, “é legítima, mas extemporânea”. “Numa altura em que ainda há negociações, pode ter um efeito contrário ao pretendido”, alerta o dirigente sindical.
O comunicado reforça esta ideia. “Afigura-se-nos precoce, embora legítima, uma arregimentação de profissionais para o ato, estando negociações a decorrer entre o o Governo e as estruturas representativas dos trabalhadores”, salienta o documento.