As declarações de Rita Júdice “vieram desmotivar os guardas e diminuir o capital de confiança que a ministra tinha conquistado”, garante o presidente da Associação Sindical de Chefias do Corpo da Guarda Prisional (ASCCGP).
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Hermínio Barradas assegura que não se revê “no que disse a ministra, no que respeita ao desleixo e irresponsabilidade”.
“Houve falhas no comando, mas estas foram promovidas pelos sucessivos governos. A tutela sabia que não havia um diretor em Vale de Judeus há quatro meses, nem um comissário. Também sabia que dos 15 chefes que a prisão tinha restam cinco e dois deles estão de baixa. Tinha a cadeia, como muitas no país, entregue, ao fim de semana e feriado, a guardas sem formação para tal”, critica.
O dirigente sindical assegura que, a terem existido “falhas no comando”, estas aconteceram “no comando da DGRSP, que não nomeou chefes suficientes, nem acautelou concursos para os ter”. O quadro profissional prevê a existência de 560 chefes, mas só há 260, com uma média de idade de 57 anos e 10% em baixa médica permanente”, salienta.
Desagrado com o discurso de Rita Júdice, o líder da ASCCGP vai “dar conta do desagrado à ministra” na reunião marcada para a tarde desta quarta-feira. Nessa ocasião, Hermínio Barradas vai, igualmente, alertar a governante que “há mais cinco ou sem cadeias sem guardas e onde pode acontecer o que sucedeu em Vale de Judeus.
“As auditorias anunciadas vão detetar os mesmos problemas, só que agravados, que os vários estudos feitos ao longo dos anos já diagnosticaram”, avisa.
Interpretações contraditórias
Posição diferente tem o presidente do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional (SNCGP), Frederico Morais. “A ministra esteve à altura e valeu a pena a espera. Ela veio provar que os guardas não tiveram culpa no que aconteceu. O sistema de funcionamento das cadeias é que falho”, refere.
Ou seja, na interpretação do SNCGP, “os erros a que a ministra se referiu não foram cometidos pelos guardas, mas sim pela cadeia de comando”, função que cabe a chefes da Guarda Prisional e aos diretores da DGRSP. “Temos a certeza que os erros não foram cometidos pelo Corpo da Guarda Prisional. Fazemos o que podemos, com o que temos. O sistema é que está em défice e pensamos que a ministra também pensa assim”, defende.
Tal como Hermínio Barradas, também Frederico Morais promete abordar a fuga de Vale dos Judeus na reunião desta quarta-feira com Rita Júdice, na qual também irá sustentar que Isabel Leitão “não é uma solução de longo prazo” para a liderança da DGRSP. “Terá de ser um especialista em segurança”, avisa.