Chegou a tesoureiro de cartel internacional sem ser sinalizado pelas autoridades portuguesas
Um português, residente em Vila Nova de Gaia, nunca foi sinalizado como suspeito por tráfico de droga pelas autoridades nacionais, mas era um destacado membro de uma organização internacional que transportava grandes quantidades de heroína do Bangladesh para diversos países europeus, incluindo Portugal.
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O traficante foi detido, na última quarta-feira, pela Polícia Judiciária (PJ), no âmbito de um mandado de detenção europeu.
Em 2011, o indivíduo ainda não tinha 30 anos quando ingressou na rede que, refere um comunicado da PJ, “atuava entre o Bangladesh, Países Baixos, Alemanha, Espanha, Portugal e Dubai”. Nos 11 anos seguintes, o português foi subindo na hierarquia da organização criminosa e passou a desempenhar papéis cada vez mais relevantes.
Segundo a PJ, o traficante nacional assumiu o cargo de tesoureiro do cartel, mas também era responsável pela “organização de logística no âmbito do transporte da droga, aquisição de bilhetes de viagem e de meios de comunicação e ainda pelo pagamento dos correios da droga”.
Localizado após mandado de detenção europeu
Em Portugal, o traficante nunca foi sinalizado pelo envolvimento no tráfico de droga, mas seria detido em França, em 2022, na sequência de uma operação policial. Em terras gaulesas, o português seria também condenado a cinco anos de prisão e ainda esteve algum tempo atrás das grades.
Libertado, rumou novamente a Portugal e fixou residência em Vila Nova de Gaia, onde vivia sem levantar qualquer suspeita. Aliás, as autoridades nacionais só tiveram conhecimento do seu papel destacado num cartel internacional quando, recentemente, receberam um mandado de detenção europeu emitido por França para que cumprisse o resto da pena a que tinha sido condenado.
Após este pedido, a Unidade de Informação Criminal da PJ rapidamente localizou o traficante e deteve-o na passada quarta-feira. No dia seguinte, o detido foi levado ao Tribunal da Relação do Porto e, após interrogatório judicial, foi decretada a sua prisão domiciliária, com pulseira eletrónica. O tribunal terá, agora, de decidir se o traficante português é extraditado para França.