Na sequência do ataque informático de que foram alvo na quinta-feira, os laboratórios Germano de Sousa vão estar esta sexta-feira e sábado fechados, devendo reabrir, no máximo, até à próxima segunda-feira.
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Segundo explicou ao JN o seu fundador, Germano de Sousa, a "equipa de cibersegurança e informáticos está a criar um novo sistema". Frisando que os dados dos clientes estão protegidos e que todos os resultados de testes à covid realizados até ontem foram comunicados.
"Estamos a criar um sistema novo do ponto de vista informático e, o mais tardar, segunda-feira estaremos abertos", explicou o médico patologista clínico, depois do ataque que teve início na madrugada de quinta-feira e que está a ser investigado pela Polícia Judiciária (PJ). Por enquanto, não existem evidências de que este caso esteja relacionado com os ciberataques de que foram vítimas os grupos de média Impresa e Cofina, além da Vodafone.
"Ainda é cedo para tirar conclusões. Estamos no início da investigação", disse ao JN fonte da PJ. Para já, sabe-se que o ataque ao laboratório não teve o impacto devastador verificado nos anteriores casos, que se suspeitam terem sido orquestrados a partir do estrangeiro e patrocinados por um Estado, com objetivos geoestratégicos e geopolíticos.
Testes à covid
Em causa, explique-se, estão os laboratórios centrais do Porto e Lisboa, mais os de Viana do Castelo, Coimbra, Évora e Algarve, a que se juntam os hospitalares (grupo CUF e hospital do SAMS). Acrescem, diz ao JN, "quase 500 pontos de recolha em todo o país e 160 postos covid, que também vão ter que fechar".
Ontem, no boletim diário, a Direção-Geral da Saúde estimava, na sequência do ataque, uma "quebra de positivos entre 5% e 10% do total de casos apresentados". Ao JN, ao início da noite de ontem, Germano de Sousa garantia: "Comunicamos ao SINAVE todos os resultados a tempo e horas, incluindo os de hoje [ontem]. Isso é real a partir de amanhã [hoje], porque não vamos fazer testes".
O fundador dos laboratórios esclareceu não ter sido feito nenhum pedido de resgate, um facto semelhante aos anteriores ataques, em que, tanto quanto se sabe, o único objetivo foi destruir o máximo de dados possíveis e provocar caos. Em comunicado, a instituição qualificou o ciberataque como sendo "deliberado e criminoso com o objetivo de causar danos e perturbações à sua atividade e aos seus doentes".
Sobre os dados dos clientes, Germano de Sousa disse estarem "protegidos", até porque têm "um sistema de proteção próprio". Sobre o dia de ontem, fala em "algo nunca comparável na vida" e de um "inimigo invisível". Avisando: "Não vão ficar por aqui, nem por mim".
Banco de Portugal protege-se
O Banco de Portugal assegurou ontem que "intensificou e direcionou o foco dos controlos internos" de cibersegurança face aos recentes ciberataques.
Fonte oficial da instituição liderada por Mário Centeno, em resposta à Lusa, explica que "tem implementado um modelo de "governance" de cibersegurança, que contempla a existência de processos e procedimentos de resposta e recuperação a ciberataques" e que a atualização destes processos e procedimentos "é feita sempre numa lógica de melhoria continua, nomeadamente a partir de lições aprendidas com testes e simulacros" periódicos.