No segundo dia do julgamento de 26 arguidos, suspeitos de tráfico de substâncias e métodos proibidos na equipa de ciclismo da W52 – F.C. Porto, os ciclistas Samuel Caldeira, Ricardo Mestre, Ricardo Vilela e Daniel Mestre assumiram esta sexta-feira terem utilizado doping para não ficarem de for das convocatórias.
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No julgamento, que decorre no pavilhão anexo à cadeia de Paços de Ferreira, cinco ciclistas confirmaram o uso dos produtos dopantes e mostraram-se arrependidos das práticas que puseram fim às suas carreiras desportivas.
Samuel Caldeira confessou ter feito transfusões de sangue, além de tomar doping. “Nos últimos anos já não estava a conseguir as performances que tinha e senti que havia adversários em condições superiores”, justificou ao coletivo de juízes presidido por Pedro Vaz.
Segundo o ciclista, foi uma decisão da sua “livre e espontânea vontade”, mas com conhecimento do diretor desportivo, Nuno Ribeiro. Os produtos aranjava-os numa farmácia onde trabalha a cunhada – também arguida –, ou então no quarto de Nuno Ribeiro.
“Prática instalada”
Reconhecendo que a prática do doping estava “instalada na equipa”, Caldeira disse ainda que esta também era a “prática no pelotão”. Instado pelo juiz a apontar nomes de equipas, não o fez.
Ricardo Mestre, vencedor da Volta a Portugal em 2011, reconheceu a dopagem e as transfusões. “É um sistema regular no ciclismo onde nos adaptamos para conseguir atingir o nível que se pretende, para chegar ao topo”, afirmou. Disse ainda que Nuno Ribeiro chegou a contactá-lo para tomar uma determinada hormona e que era ao diretor desportivo que apresentava os valores pagos pelos produtos, sendo reembolsado.
“Para assinar um bom contrato, ter dinheiro na conta a tempo e horas, é preciso andar na frente”, complementou o ciclista Ricardo Vilela. Daniel Mestre revelou que “tinha receio de dizer que não tinha feito [a transfusão de sangue], porque podia não ser convocado” e escondia-o de Nuno Ribeiro.