Vítima foi atacada com marteladas e facadas, em emboscada no Estoril. Juíza de instrução de Cascais manda 31 dos 37 adeptos do Benfica para julgamento, pronunciados por 231 crimes.
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Uma juíza de instrução criminal do Tribunal de Cascais decidiu recentemente mandar para julgamento 31 dos 37 elementos da claque benfiquista do No Name Boys. Cinco dos arguidos irão responder pela tentativa de homicídio de um membro dos rivais sportinguistas da Juve Leo, que só não morreu graças à intervenção de um polícia que estava de folga. Os restantes, que farão parte da subcultura "casuals", marcada pelas ações violentas contra adeptos de outros clubes, vão ser julgados pelo apedrejamento do próprio autocarro do Benfica, que feriu dois atletas, vários roubos e diversas agressões.
Os arguidos estavam acusados de 261 crimes, mas, depois de oito terem requerido a abertura de instrução, o Tribunal deixou cair 30 ilícitos, livrando seis homens do julgamento. Eram alegados atos de vandalismo e agressões, cometidos a 18 de maio de 2019, numa loja do Estádio da Luz. O tribunal entendeu que as imagens de videovigilância do Benfica ilibavam alguns dos arguidos, contrariando o entendimento do MP.
Vítima operada duas vezes
A juíza de instrução manteve a acusação dos casos mais graves, pelos quais seis elementos dos No Name Boys se mantém em prisão domiciliária. Confirmou que, a 27 de maio do ano passado, seis membros do grupo, munidos de navalhas, bastões e martelos, fizeram uma espera a um adepto do Sporting, pertencente à Juve Leo, em S. João do Estoril, onde ele residia.
Ao mesmo tempo que lhe gritavam: "Vais morrer, filho da p. Benfica! No Name. No Name", os arguidos deram-lhe pancadas com martelos e pontapés, tendo um deles desferido também três facadas que perfuraram o pulmão, um braço e uma perna da vítima, a quem também partiram um dedo.
Ainda assim, o ferido levantou-se e tentou fugir. Um dos agressores atirou-lhe um martelo, mas não lhe acertou. Uns metros mais à frente, conseguiram apanhá-lo. Preparavam-se para retomar as agressões, quando um polícia, fora de serviço, mas que por ali passava, se apercebeu do espancamento e se identificou. Os agressores puseram-se então em fuga, tendo o adepto leonino sido hospitalizado, com ferimentos no hemotórax e no crânio, uma fratura num dedo, escoriações e outras feridas no braço e dorso. Foi sujeito a duas intervenções cirúrgicas.
Quatro indivíduos vão também responder por atentado à segurança de transporte rodoviário por, alegadamente, terem apedrejado o autocarro que transportava os jogadores do Benfica, na A2, na zona do Seixal, a 4 de junho, após um empate frente ao Tondela. Dois paralelos atingiram os atletas Zivkovic e Weigl. O clube da Luz condenou logo as agressões.
Emboscada a Cardinal
Outro caso que vai a julgamento aconteceu a 9 de junho de 2019, junto do Pavilhão João Rocha, do Sporting, em Lisboa. Elementos dos "casuals" fizeram uma emboscada a Fernando Cardinal, jogador de futsal do Sporting e assumido adepto do F. C. Porto. Após um jogo entre os dois rivais de Lisboa, um grupo deslocou-se ao pavilhão leonino e, quando Cardinal e outros três jogadores saíram do pavilhão, insultaram-nos e ameaçaram-nos de morte. Os atletas refugiaram-se no multidesportivo e foi também a chegada de um agente da PSP que evitou o pior.
500 elementos radicais apelidados de "casuals", estão referenciados pelas autoridades. São adeptos informalmente organizados, repartidos pelos cinco principais clubes desportivos nacionais. São chamados "casuals" por evitarem usar adereços das claques.