As autoridades policiais da Colômbia já apreenderam 270 “narcossubmarinos” usados no transporte de cocaína. Muitas destas embarcações foram localizadas ao longo dos últimos três anos, período durante o qual aumentou a utilização de semissubmersíveis na Europa.
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O número foi revelado numa conferência que reuniu cem especialistas, de 19 países, na cidade colombiana de Cartagena.
No evento, que decorreu na semana passada e foi organizado pelo Centro de Análise e Operações Marítimas (MAOC na sigla inglesa) e pela Marinha Colombiana, Portugal esteve representado por dois elementos da Marinha e da Força Aérea e ainda pelo coordenador da Polícia Judiciária Vítor Ananias. Os portugueses integraram o grupo de cem especialistas no combate ao narcotráfico, que se deslocaram à Colômbia para criar novos canais de comunicação e aprofundar uma relação fundamental na luta contra o tráfico de droga.
Os portugueses perceberam que os cartéis estão a recorrer, cada vez mais, aos “narcossubmarinos” para transportar cocaína. Só a Colômbia, revelou-se durante a cimeira, já apreendeu 270 embarcações deste tipo e, segundo os especialistas, os últimos três anos mostraram um aumento considerável de semissubmersíveis. E estes são cada vez mais sofisticados, tanto mais que uma das embarcações apreendida pelos colombianos já conseguia navegar de forma totalmente submersa.
Nova lei para proibir semissubmersíveis
O recurso a “narcosubmarinos” também está a crescer na Europa. Basta lembrar que, em março deste ano, a Polícia Judiciária apreendeu uma embarcação carregada com 6,5 toneladas de cocaína, no Oceano Atlântico. O semissubmersível zarpou do Brasil, com cinco traficantes a bordo, com destino à Europa e foi localizada por um avião da Força Aérea.
Na cimeira colombiana constatou-se que a produção deste tipo de embarcações está disseminar-se por vários países da América Latina, o que torna mais complexo o combate a esta forma de transporte de droga. Especialistas ouvidos pelo JN defendem, por este motivo, que a futura “Lei das Lanchas Rápidas” deve incluir estas embarcações semissubmersíveis.
Recorde-se que o Governo estava a preparar legislação para proibir o fabrico e posse de lanchas rápidas, muito utilizadas pelas organizações criminosas para recolher fardos de droga em alto mar, mas o processo legislativo foi interrompido com a dissolução do Parlamento.