Investigadas denúncias de voluntários do Barreiro sobre pagamento de serviços que não existiram. PJ já fez buscas.
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A Polícia Judiciária (PJ) de Setúbal fez buscas no quartel dos bombeiros do Barreiro. Em causa estão, pelo menos, suspeitas do crime de abuso de poder pelo comandante, José Figueiredo. A investigação apoia-se em denúncias por desvio de dinheiro e meios dos bombeiros para uso próprio.
A investigação começou no ano passado, na sequência de cartas escritas por bombeiros e enviadas para várias entidades, incluindo ao Ministério Público, em que descreviam alegadas ações de José Figueiredo, que está há cerca de dez anos no comando. Os inspetores da PJ realizaram as buscas no arquivo e no computador do comandante durante o dia de segunda feira, depois de os bombeiros terem sido ouvidos.
Despiste inventado
Segundo informações recolhidas pelo JN, em escrutínio está o período de quatro anos em que o comandante terá estudado na Universidade de Lisboa, usando o carro de serviço para as viagens à capital e justificando as deslocações com reuniões de comandos.
Noutra situação, aquando dos incêndios na Sertã, em 2019, é suspeito de ter inventado um despiste para justificar uma reparação à viatura de comando. A despesa com a substituição de quatro pneus, jantes e a grelha frontal da viatura foi paga pela Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANEPC).
Serviços fictícios
Os inspetores da PJ investigam ainda a existência de um alegado esquema para conseguir ilegalmente dinheiro da ANEPC. O comandante terá pedido a voluntários e funcionários do quartel para assinarem com o seu número mecanográfico a folha de presenças de equipas de combate a incêndios florestais onde não tinham estado. Os funcionários eram depois pagos e entregavam ao comandante em dinheiro a verba. Também é suspeito de lesar a autarquia, no âmbito do financiamento de equipas de intervenção permanente, apurou o JN.
O JN tentou contactar o comandante, mas este não atendeu o telefone nem respondeu à mensagem no qual era informado sobre o teor do contacto.
Autarquia e Proteção Civil também não responderam em tempo útil aos pedidos de esclarecimento que efetuamos. A Procuradoria Geral da República confirmou apenas a existência do inquérito.