O homem que, em janeiro, agrediu três militares da GNR, um deles à dentada, no posto de Beja, saiu da cadeia "há cerca de duas semanas" e passou para prisão domiciliária com pulseira eletrónica na sua residência em Faro do Alentejo, adiantou ao JN fonte da Guarda.
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O alegado agressor, de 33 anos e com antecedentes criminais, estava no Estabelecimento Prisional de Beja depois de o juiz ter decretado a sua prisão preventiva, a medida de coação mais gravosa.
De acordo com informações recolhidas pelo JN, pelo menos dois dos três militares agredidos ainda continuam de baixa. Entre eles está o guarda que ficou com o nariz mutilado e que viu o certificado de incapacidade temporária ser-lhe prolongado por mais um ano, até porque ainda terá de realizar várias cirurgias de reconstrução.
Tudo aconteceu a 13 de janeiro, pelas 3.30 horas, no decorrer de uma ação de patrulhamento, quando dois militares do posto territorial de Beja abordaram um condutor. Este, ao ser fiscalizado, “apresentou, em aparelho qualitativo, uma taxa de álcool no sangue igual ou superior ao legalmente admissível [e] foi encaminhado para o posto, para ser submetido ao teste de alcoolemia em aparelho quantitativo”, esclareceu, na altura, a GNR em comunicado.
Informado de que iria ser detido e notificado para comparecer perante o Ministério Público junto do Tribunal de Beja, o homem “adotou um comportamento extremamente agressivo e injurioso perante os militares presentes no posto territorial” e agrediu três militares.
“Para efetivar a detenção, foi necessário utilizar a força estritamente necessária. Além dos ferimentos causados aos militares, foram ainda registados vários danos no interior do posto”, indicou ainda a Guarda.
Atendendo à gravidade dos ferimentos no rosto e à necessidade de intervenção cirúrgica urgente, o militar acabaria por ser transferido para o Hospital de S. José, em Lisboa, onde permaneceu 38 dias.
GNR paga taxas mas não advogada
A 17 de março, a GNR esclareceu que ia pagar ao militar mordido as taxas de justiça no processo e à sua esposa, que também é guarda e foi pontapeada pelo mesmo agressor.
No entanto, os dois militares agredidos não iriam receber apoio da Guarda para pagarem à advogada que contrataram, "uma vez que o apoio judiciário que a GNR estatutariamente pode prestar é feito através dos advogados que prestam serviço para a instituição, contratados por avença".
O esclarecimento surgiu após o Jornal de Notícias ter dado conta de que um grupo de cidadãos estava a organizar uma campanha de angariação de fundos para custear as taxas de justiça e os honorários de uma advogada para o casal agredido.
O mesmo grupo, que serve de apoio às forças de segurança, reagiu esta tarde à alteração das medidas de coação expressando "revolta" e "consternação" com a decisão. "É esta a Justiça que queremos em Portugal? É desta forma que pretendemos motivar e dar garantias a todos aqueles que zelam pela nossa segurança com o sacrifício das suas próprias vidas?", lamentaram em comunicado.