Condutor que atingiu sete pessoas e matou duas em Paredes acusado de homicídio. Moto Clube homenageia vítimas.
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O Moto Clube de Rebordosa, em Paredes, vai homenagear este sábado Pedro Leal e José Nogueira, dois associados que morreram depois de terem sido colhidos intencionalmente por um carro descontrolado, durante uma festa da instituição, realizada em fevereiro passado.
O tributo acontece a cinco dias do início do debate instrutório em que José Pinto, motorista do automóvel que, segundo o Ministério Público (MP), agiu por "vingança", na "execução de um plano previamente traçado" e demonstrando um "pérfido e gratuito desrespeito pela vida humana", pede que o tribunal reconheça que nunca teve o objetivo de matar e só pretendia fugir de um local onde foi agredido e perseguido.
Além de responder por dois crimes de homicídio, dois de tentativa de homicídio, dois de ofensa à integridade física, um por condução perigosa em concurso com condução em estado de embriaguez e quatro de dano, José Pinto, 42 anos, enfrenta duas acusações particulares, da autoria das viúvas das vítimas mortais, e sete pedidos de indemnização, num valor superior a 987 mil euros.
Há nove meses, o caso deixou o país em choque. O emigrante em Inglaterra participava num convívio promovido pelo Moto Clube de Rebordosa quando se envolveu em desacatos com dois outros convivas e foi convidado a abandonar a festa. Revoltado, prometeu vingança, dirigiu-se ao carro estacionado nas imediações e decidiu que "iria matar quem se encontrasse no seu caminho".
Deprimido com mortes
Depois, colocou o filho de 11 anos no banco ao seu lado e, a grande velocidade e "conduzindo em ziguezague", atropelou, em primeiro lugar, um ciclista e, de seguida, um grupo de quatro pessoas, entre as quais Pedro Leal e José Nogueira. Em contramão, José Pinto continuou a marcha alucinante e embateu três vezes no mesmo carro que impedia a sua passagem, provocando pânico nos dois ocupantes. Sempre acompanhado pelo filho, José Pinto ainda percorreu mais 200 metros e abalroou quatro carros estacionados até abandonar o seu automóvel e entregar-se no posto da GNR de Lordelo, onde o teste de alcoolemia realizado registou uma taxa de 2,02 g/l.
Para o MP, o condutor "agiu de forma premeditada, com frieza de ânimo, sem qualquer motivo que o justificasse e com o propósito conseguido de retirar a vida a Pedro Leal e José Nogueira". No entanto, no pedido de instrução que apresentou, José Pinto garante que não foi ele quem provocou os distúrbios na sede do Moto Clube e nega intenção de matar as pessoas que atropelou. "Apenas pretendia sair daquele local", por estar a ser perseguido por populares, lê-se no pedido de instrução. Aliás, José Pinto revela que só soube das mortes durante o interrogatório judicial a que foi submetido no dia seguinte e que o abalo emocional o levou a ficar internado na enfermaria da cadeia. Acrescenta que ainda está deprimido devido a "sentimento de grande culpabilidade pelo sucedido, com acentuado risco suicida".
Inauguradas obras desejadas pelos falecidos
A homenagem do Moto Clube de Rebordosa aos sócios falecidos começa hoje, pelas 10.30 horas, com uma missa na igreja da freguesia, e prossegue, ao longo de todo o dia, com várias atividades, entre as quais a inauguração de obras que melhoraram as condições da sede (13 horas). Obras que, alega a instituição, "também eram um objetivo destes amigos que partiram cedo demais". "Esta fatalidade marcou negativamente e de uma forma profunda toda a família do Moto Clube de Rebordosa, mas também toda a população rebordosense", alegam os responsáveis.