Tribunal julga por seis crimes empresário que está preso desde 2022. Treinos de jiu-jítsu e redes sociais aproximaram arguido e vítima.
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Um empresário de hotelaria e restauração, de 42 anos, foi acusado de seis crimes de abuso sexual de menor. O caso remonta a abril do ano passado, quando o empresário, então com 40 anos, manteve uma relação com uma menina de 12 anos que conheceu nos treinos de jiu-jitsu. A Polícia Judiciária deteve o homem em julho de 2022.
Na primeira sessão do julgamento (decorre à porta fechada), na última quarta-feira, no Tribunal de Viseu, o arguido aceitou falar perante os juízes e contar a sua versão dos factos. Acabou por admitir tudo, à exceção de ter mantido relações sexuais com a menina.
Ao JN, o advogado de defesa, Aurélio Quelho, reafirma que não houve “cópula completa” entre o seu cliente e a menor, acrescentando que “há um relatório médico que é feito, nem 15 dias depois, que diz: ‘Não são aparentes sinais de lesões traumáticas recentes’”.
Encontros recorrentes
O arguido e a vítima conheceram-se em aulas de jiu-jitsu, que ambos praticavam, em abril de 2022. A menina foi adicionada a um grupo de Hasta, juntamente com colegas e pais, e decidiu “seguir” todos os membros nas redes sociais. É a partir dali que os dois começam a trocar mensagens, segundo a acusação do Ministério Público (MP). “O arguido enviou uma mensagem, passando a enviar-lhe regularmente outras mensagens através do Whatsapp e do Instagram”, diz o MP, acrescentando que, dessa forma, o arguido foi “ganhando confiança com a menor”.
Dias depois, os dois encontram-se junto a um campo de futebol, entre a casa da vítima e o ginásio de jiu-jitsu. Noutro encontro, o arguido leva a menina para um alojamento local, de que era proprietário. No respetivo escritório, “abraçou-a, acariciou-a e apalpou-a com ambas as mãos no rabo, sobre a roupa que trazia vestida e deu-lhe vários beijos na boca, colocando a sua língua dentro da boca da menor”, descreve o MP.
“É evidente que não deixa de não ser grave um adulto que pratica isto, mas ele demonstrou arrependimento e está disposto a pagar por aquilo que fez”, comenta a defesa.
Noutra ocasião, encontraram-se num pinhal, junto ao aeródromo de Viseu. Neste dia, diz o MP, o arguido voltou a abraçar, beijar e apalpar a menina. Já em maio, levou a menor para a garagem do irmão. E terá sido ali que, de acordo com a acusação, manteve relações sexuais com a menina.
Entre os encontros, os dois mantinham conversas de teor sexual e trocavam vídeos e fotografias eróticos.
A mãe da menina descobriu tudo e apresentou, de imediato, queixa às autoridades. O suspeito está preso preventivamente desde julho de 2022.