O contabilista cadastrado da Póvoa de Varzim detido na terça-feira por suspeitas de estar no centro de uma rede de fraude fiscal, burla qualificada e branqueamento, envolvendo um esquema internacional de falsos investimentos em criptomoedas, vai aguardar julgamento em prisão preventiva.
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O Tribunal de Instrução Criminal do Porto decidiu, na tarde desta quinta-feira, que os dois outros indivíduos detidos pela Polícia Judiciária do Porto na mesma operação iriam aguardar julgamento em liberdade, com apresentações periódicas.
Recorde-se que o esquema terá lesado cerca de 300 pessoas em toda a Europa, com os portugueses a fazerem um papel de "recetadores digitais".
Num primeiro tempo, eram praticadas as burlas. As vítimas, essencialmente francesas, eram aliciadas, através de telefonemas ou propostas online, a investir em criptomoedas. Também eram propostas aplicações financeiras ou burlas ao consumo. Os criminosos acabavam por ficar com o dinheiro, que ia para as contas bancárias controladas pelos portugueses.
A investigação ainda vai apurar se o contabilista e os cúmplices também tinham um papel ativo nas burlas ou se se limitavam a lavar o dinheiro.
Os detidos usavam depois o dinheiro das burlas para adquirir criptomoedas nos mercados internacionais, que eram depois "vendidas", por verbas acima do valor do mercado, aos indivíduos que tinham praticado as burlas. O dinheiro ficava assim digitalmente branqueado e podia ser convertido em dinheiro real.
Para já, a investigação conta com 15 arguidos, mas a análise da documentação e material apreendido ontem nas 23 buscas poderá fazer aumentar o número de suspeitos. Os detidos vão hoje ser interrogados no Tribunal do Porto.