Pinto de Almeida, de 90 anos, coronel reformado, foi espancado até à morte em sua casa, em Cascais, por assaltantes que também agrediram a mulher, de 88 anos. O crime, de extrema violência, está a ser investigado pela Polícia Judiciária.
Corpo do artigo
O oficial foi encontrado morto na quarta-feira à noite, no andar onde vivia, na travessa Conde Castro Guimarães, no bairro da Assunção, em Cascais, "um bairro muito pacato", segundo os moradores. A mulher, Isabel, professora reformada, foi encontrada na casa de banho, tendo sofrido ferimentos ligeiros.
O assalto terá acontecido entre as 16 e as 17 horas, mas os bombeiros só chegaram pelas 21 horas, depois da empregada do casal, Maria do Carmo, ter dado o alerta. Terá sido a fisioterapeuta de Isabel que achou estranho esta não atender e contactou a empregada.
"A massagista ligou-me porque a senhora não atendia. E depois a esteticista, que costumava vir arranjar-lhe as unhas, também me ligou por não conseguir falar com ela", conta Maria do Carmo. Logo que chegou percebeu que "algo estranho" se passava. "O carro estava cá fora e as luzes apagadas, não era habitual e pensei logo o pior", admite ao JN a empregada, que conhecia o casal há 38 anos.
Maria do Carmo tentou entrar, mas "a chave estava por dentro". Ainda ouviu Isabel dizer que "algo de muito mau tinha acontecido" e ligou para a PSP e os bombeiros. "Quando cheguei ela só dizia "assaltaram-nos, assaltaram-nos". As autoridades não nos deixaram entrar, mas vi as gavetas e o roupeiro aberto. Percebeu-se logo que tinha sido assalto", conta. Segundo a empregada, o casal tinha "posses, objetos valiosos e dinheiro em casa, nas gavetas". "Não andava lá a ver mas a senhora contava-me porque eu era como família", diz.
Segundo um vizinho e amigo há 50 anos, o casal, reformado e sem filhos, estaria à espera de funcionários da empresa Chaves do Areeiro para mudar a fechadura porque uma chave tinha desaparecido. "Deve ter perguntado se eram das Chaves do Areeiro e eles devem ter dito que sim e abriram a porta. Eles não abriam a porta a ninguém. O coronel tinha muito medo dos assaltos", explica Miguel Vidal, um vizinho. A empresa confirmou ao JN que tinha uma marcação para as 16.30 horas, mas quando chegaram ninguém abriu a porta.
Miguel Vidal, um vizinho, estava a dormir a sesta e não se terá apercebido de nada. "Ela disse que gritou muito por mim, mas eu não ouvi. Os vizinhos do lado também disseram que não ouviram nada". Explica que falou com Isabel quando esta ia a caminho do hospital. "Ela ainda nem sabia que o marido morreu, coitadinha", lamenta.
Pormenores
Prédio sossegado - Helena Vidal, uma vizinha, disse ao JN que todos estão "muito surpreendidos" com o assalto. "É um prédio sossegadíssimo e nunca aconteceu nada", lamenta.
Vizinhos assustados - Bernarda Pereira, há 25 anos a trabalhar no bairro, também está admirada. "Nunca aconteceu nada assim aqui e ficamos muito assustados. Foi alguém que sabia que o casal estava sozinho", acredita.
Casal unido - "Eram um casal muito unido, casados há muitos anos. Ela já tinha mais dificuldades em andar e já não vinha cá há um ano. Ele tinha mais autonomia, ainda conduzia, e passeavam muito", diz Bernarda Pereira.